11 jan, 2023 - 21:19 • Lusa
A França considera "inaceitáveis" as novas ameaças do Irão contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo devido ao concurso de caricaturas sobre o líder supremo iraniano, Ali Khamenei.
"A França reafirma o seu compromisso constante e decidido com a liberdade de imprensa, liberdade de expressão e a proteção dos jornalistas em todo o mundo", afirmou a porta-voz do Ministério da Relações Exteriores francês.
A responsável acrescentou que "qualquer ameaça contra os cidadãos" franceses "é inaceitável", lembrando as autoridades iranianas que "são responsáveis pela segurança dos interesses e cidadãos" franceses no Irão.
A porta-voz respondia ao comandante da Guarda Revolucionário do Irão, general Hosein Salamí, que advertiu o Charlie Hebdo ao recordar sobre o que se passou com o escritor Salman Rushdie, que foi atacada mais de 30 anos depois de ter publicado um romance em que insultou o islão, segundo noticiou hoje uma agência semi-oficial do Irão.
As palavras de Salami surgem depois de, na semana passada, o regime iraniano ter criticado a publicação francesa e convocado o embaixador francês em Teerão, o que gerou uma resposta de Paris.
Na altura, a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, exigiu liberdade de imprensa que existe em França e não no Irão, bem como um poder judicial "independente", pedindo às autoridades de Teerão que tivessem em conta o enquadramento legal da publicação que lançou a iniciativa.
O Irão fechou o Instituto Francês de Pesquisa na semana passada e uma manifestação de protesto ocorreu hoje em frente à embaixada francesa em Teerão, onde foram exibidas várias caricaturas do presidente Emmanuel Macron.
O jornal Charlie Hebdo lançou, em dezembro, um concurso de caricaturas do líder iraniano, como símbolo da repressão contra as mulheres no Irão, onde há meses decorrem inúmeros protestos.
A publicação satírica garantiu ter recebido mais de 300 propostas e milhares de ameaças depois de pôr a iniciativa em marcha.
As caricaturas sobre o regime iraniano foram publicadas, na semana passada, na edição especial para assinalar o aniversário do atentado que as instalações do Charlie Hebdo sofreram a 07 de janeiro de 2015 e que causou 12 mortos depois de ter publicado caricaturas de Maomé.