27 jan, 2023 - 12:52 • Carla Fino , Olímpia Mairos
A Rússia está a violar os princípios fundamentais de proteção infantil na Ucrânia.
A denúncia é feita pelo Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que diz que Moscovo está a dar às crianças ucranianas, passaportes russos e colocá-las para adoção.
Em entrevista à agência Reuters, depois de uma viagem pela Ucrânia, Filippo Grandi mostra-se preocupado com esta violação dos direitos das crianças, acrescentando que não sabe quantos casos existem, uma vez que a Rússia está a limitar o acesso a dados.
“Dar às [crianças] a nacionalidade [russa] ou adotá-los vai contra os princípios fundamentais de proteção infantil em situações de guerra”, disse Grandi, acrescentando que “é algo que está a acontecer na Rússia e não deve acontecer”.
Filippo Grandi disse ainda que o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky pediu a criação de mecanismos para “defender e devolver” crianças e adultos deportados para a Rússia, bem como para punir os responsáveis.
Já em julho, a diplomacia russa junto da ONU, recusava as acusações de sequestro de crianças, afirmando que são infundadas.
Depois do périplo pela Ucrânia, o chefe do ACNUR também alertou que uma escalada nos combates poderia desencadear uma nova onda interna de refugiados.
“O que vimos nos últimos dias não é muito promissor a esse respeito, todo mundo prevê que haverá um aumento das hostilidades, uma escalada... e é provável que isso gere mais deslocados”, sinalizou.
Nesta entrevista, Grandi aponta para uma perspetiva global sombria, prevendo que o número de pessoas deslocadas, atualmente em 103 milhões, cresça “quase inevitavelmente” nos próximos anos se o Conselho de Segurança da ONU continuasse dividido em questões-chave.
“Se o órgão supremo do mundo para manter a paz e a segurança não for capaz de fazer o seu trabalho por causa das divisões internacionais, então os conflitos continuarão a expandir-se”, alertou.
O Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados também pediu aos países que processem os potenciais requerentes de asilo o mais rapidamente possível, a fim de impedir que pedidos de asilo infundados entupam o sistema.