06 fev, 2023 - 02:49 • Marisa Gonçalves , Raul Santos , Daniela Espírito Santo , André Rodrigues , Sérgio Costa , Liliana Monteiro , Pedro Valente Lima , João Cunha , Beatriz Lopes , Olímpia Mairos , Eduardo Soares da Silva com agências
Dois fortes sismos abalaram esta segunda-feira a Turquia e a Síria. Segundo a Associated Press, o número de mortos subiu para mais de 2.300 pessoas.
Na Turquia estão confirmados 1.498 mortos após um violento tremor de terra de 7.8 na escala de Richter seguido de cerca de 40 réplicas, todas acima de quatro pontos. Há ainda mais de 7.600 feridos.
O ministério da Saúde sírio adiantou a existência de 430 vítimas mortais no país, com mais de mil feridos. A estes números juntam-se 380 mortos, admitidos pelos serviços de resgate no noroeste da Síria, não controlado pelo governo.
Um segundo abalo foi registado já esta manhã, menos de 12 horas depois do primeiro. Este segundo abalo, registado a cerca de 100 quilómetros do primeiro, poderá ter atingido os 7.5 na escala de Richter e terá afetado o sudoeste da Turquia e a zona de Damasco, capital da Síria.
O número de mortos, no entanto, pode chegar aos dez mil. A estimativa é do Serviço Geológico dos EUA e é corroborada pelo presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Este é um dos maiores sismos a atingir a Turquia nos últimos cem anos e destruiu a maioria das cidades da região do epicentro, onde para além de cidadãos turcos residem milhões de pessoas que fugiram à guerra na Síria.
As forças armadas turcas criaram um corredor aéreo para permitir que equipas de busca e resgate, compostas por nove mil efetivos, cheguem às zonas afetadas e onde a meteorologia prevê queda de neve, chuva e tempestades nos próximos dias. Milhares de edifícios foram destruídos. Há um número indeterminado de pessoas retidas nos escombros.
O número de vítimas mortais está a ser constantemente atualizado pelas agências internacionais, que citam as autoridades locais.
Na Turquia, através das redes sociais, o presidente Tayyip Erdogan garantiu que as equipas de resgate e salvamento atuaram de imediato. Já o ministro turco do interior assegura que a prioridade é retirar sobreviventes dos escombros.
Na província de Sanliurfa, pelo menos dez pessoas morreram, de acordo com declarações do governador provincial, Salih Ayhan, à televisão turca NTV.
A agência noticiosa estatal Anadolu avançou com um total de cinco vítimas mortais na província de Osmaniye.
O abalo ocorreu às 04h17 (01h17 em Lisboa), com a origem a uma profundidade de 17,9 quilómetros.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), minutos após o primeiro sismo, outro abalo de 6,7 graus na escala de Richter foi registado a 9,9 quilómetros de profundidade.
Os sismos foram sentidos em várias cidades, avançou o canal de televisão turco TRT Haber.
Vídeos publicados nas redes sociais mostraram prédios destruídos em várias cidades do sudeste do país.
Os abalos foram sentidos também no Líbano, Síria e Chipre, segundo correspondentes da agência France–Presse.
Na cidade turca de Adana há registo de muitos edifícios destruídos e no lado sírio centenas de pessoas continuam incomunicáveis.
No norte da Síria estão concentrados mais de quatro milhões de refugiados de guerra.
A Autoridade de Gestão de Desastres e Situações de Emergência Turca indica que o abalo foi sentido em muitas grandes cidades da região de Gaziantep, como Nevşehir, Kayseri, Ancara, Adana, Malatya e Hatay - que voltaram a sentir o segundo terremoto, também com epicentro na mesma região e com magnitude 6,6.
Ambos foram sentidos em países como o Chipre, o Libano e o Egipto.
A estes sismos já se somaram mais de cinco dezenas de réplicas, algumas das quais de intensidade acima dos 6 graus na escala de Richter, que põem em causa o auxílio aos afetados, já que as centenas de edifícios que ruíram total ou parcialmente ainda ficaram mais destruídos, assim como as vias de comunicação às zonas afetadas.
No local do epicentro há uma falha que está na junção da grande falha da Anatólia Oriental. A destruição, em caso de sismo, é significativa. No entanto, tal não é exclusivo desta zona: toda a Turquia está sob ameaça de tremores de terra, já que está numa das zonas sísmicas mais ativas do mundo.
Prova disso são os sismos de grande intensidade que têm ocorrido no país. Em novembro passado, um sismo de magnitude 5,9 atingiu a província turca de Düzce, 200 quilómetros a leste de Istambul, deixando pelo menos 68 pessoas feridas. Um dos maiores de sempre, em 1999, em Izmir, matou 17 mil pessoas.
As autoridades turcas decretaram um alarme de nível 4, o que permite ajuda internacional. Esse alarme obriga ainda os turcos a usar de forma restrita o serviço de comunicações. De resto, foram aconselhados a comunicar apenas via SMS e não por chamada telefónica, para não dificultar as comunicações, já afetadas pela queda de muitos repetidores de sinal.
Também está a ser pedido que não se utilizem as estradas de acesso aos locais mais afetados, permitindo o rápido acesso das unidades de busca e salvamento de todas as províncias vizinhas, que estão a ser enviadas para a região.
O primeiro país a oferecer ajuda internacional foi os Estados Unidos da América (EUA). O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, referiu em comunicado que estão prontos a fornecer qualquer assistência necessária e que vão continuar a acompanhar a situação de perto, em coordenação com o governo turco.
A Comissão Europeia já anunciou que está a coordenar o envio de equipas de resgate dos Estados-membros para se juntar às buscas por sobreviventes após o terremoto que sacudiu esta segunda-feira o sudeste da Turquia e outros países vizinhos, especialmente a Síria.
Portugal já expressou solidariedade com o povo turco. O primeiro ministro António Costa utilizou o Twitter para demonstrar "consternação" pelo sucedido. "Os meus pensamentos estão com as famílias das vítimas e com todos os afetados pelo desastre. Portugal está solidário e disponível para ajudar, em coordenação com os nossos parceiros", diz.
Quem também já garantiu estar preparado para ajudar a Turquia e a Síria foi Vladimir Putin. O Kremlin tem fortes laços com ambos os países: Putin apoiou o Presidente Bashar al-Assad na guerra civil síria e Erdogan tentou mediar a guerra na Ucrânia.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, adiantou esta segunda-feira que "não parece haver vítimas portuguesas" no sismo que abalou a Turquia e a Síria esta madrugada.
Numa nota da Presidência, Marcelo lamenta "as vítimas do terramoto desta manhã" e garante ter "enviado uma mensagem solidária ao Presidente Erdogan da Turquia".
[Notícia atualizada às 14h19 de 6 de fevereiro de 2023]