09 fev, 2023 - 10:53 • Lusa
Portugal vai reiterar esta quinta-feira ao Presidente ucraniano "todo o apoio à luta que a Ucrânia está a travar", pois "seria uma tragédia para o mundo se o resultado desta guerra fosse uma vitória" da Rússia, disse o primeiro-ministro, António Costa.
À chegada à sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, para uma cimeira que contará com a presença do chefe de Estado ucraniano, o primeiro-ministro comentou que "o dia de hoje vai ser obviamente marcado pela oportunidade de falar diretamente com o Presidente Zelensky", e, questionado sobre qual a mensagem que transmitirá, disse que será aquela que Portugal tem sempre deixado desde o início da agressão militar russa, há quase um ano: disponibilidade para apoiar nas mais diversas formas a luta da Ucrânia em defesa do direito internacional.
"Seria uma tragédia para o mundo se o resultado desta guerra fosse uma vitória daqueles que estão contra o direito internacional, que não respeitam o direito internacional, o direito à integridade dos territórios, o direito de soberania dos povos, o direito à autodeterminação de cada uma das nações. É fundamental assegurar essa vitória. Isso é absolutamente claro", declarou o chefe de Governo.
Segundo António Costa, o encontro desta quinta-feira dos líderes dos 27 com Zelensky constituirá uma oportunidade para fazer "o ponto da situação sobre a situação militar" e de que forma o bloco comunitário pode "continuar a apoiar a Ucrânia nesta luta vital contra um inimigo tão poderoso, numa guerra brutal".
"Desde o princípio da guerra que nós temos procurado apoiar, na medida das nossas possibilidades e à medida que os diferentes pedidos vão surgindo. Obviamente que o primeiro pedido, mais urgente, era o apoio humanitário, em segundo lugar também apoio material, apoio também para aquecimento neste inverno muito duro. E, relativamente ao apoio militar, temos dado todo o apoio que nos tem sido solicitado e de que nós dispomos e que temos possibilidades de disponibilizar", disse.
"Ainda ontem [quarta-feira],tive a oportunidade de anunciar que temos todas as condições para no próximo mês de março fazer a entrega de três tanques Leopard que tinham sido solicitados no âmbito da coligação europeia que esta a ser formada para disponibilizar um conjunto relevante de equipamentos", prosseguiu.
O primeiro-ministro disse que, por outro lado, interessa também ouvir de Zelensky, "em concreto, qual o tipo de apoio que neste momento é mais importante para a Ucrânia". "Convém recordar que além do apoio estritamente material, de que agora se fala muito em matéria militar, há outros tipos de apoios na área de formação, em que temos estado empenhados, o apoio técnico que temos estado a dar para a preparação do processo de adesão à UE, e apoios indiretos que temos dado", em matéria de acolhimento de refugiados.
"Nada melhor do que falar diretamente com o Presidente Zelensky para apurar as prioridades", apontou.
Costa sublinhou que é importante discutir "também as perspetivas de como se pode construir a paz", reconhecendo que "o momento, os termos e as condições para a paz só a Ucrânia pode definir".
"A Ucrânia é o país agredido e, portanto, é a Ucrânia que tem o direito de definir quais são as condições, o momento e os termos em que a paz é negociada. Agora, a ambição de todos nós é que essa paz seja possível. Esse tem de ser o objetivo", disse, sublinhando por mais de uma vez que é sempre preciso recordar que "quem desencadeou a guerra no passado dia 24 de fevereiro foi a Rússia", pelo que "é a Rússia que tem de parar a guerra, é a Rússia que tem de perder esta guerra, e é a partir daí que se constrói a paz".
Comentando o "périplo" que Zelensky está a fazer desde quarta-feira pela Europa, naquela que é a segunda vez que sai da Ucrânia desde o início da ofensiva militar russa -- estivera em Washington em dezembro passado -, Costa considera que este grande esforço diplomático que o Presidente ucraniano está a desenvolver, deslocando-se a Bruxelas depois de já ter estado em Londres e Paris, é também uma forma de sensibilizar todos os líderes para a importância do momento no conflito, e "transmitir informações que de outra forma não poderia fazer com total segurança".
"E também ver com cada um de nós qual a melhor forma de podermos otimizar o esforço no apoio à Ucrânia, para que a Ucrânia possa ganhar esta guerra e afirmar a vitória do direito internacional", disse, elogiando a coragem e determinação que Zelensky tem demonstrado desde o início do conflito.
"É indiscutível que o Presidente Zelensky é uma personalidade que nos impressiona a todos, pela sua coragem e determinação. Se nós recuarmos um ano atrás, quando esta guerra se iniciou, a perspetiva que muitos tinham é que esta guerra terminaria muito rapidamente, com uma vitória inevitável e esmagadora da Rússia. É extraordinária a capacidade de resistência, de mobilização, desde logo do seu povo, também de toda a comunidade internacional, em torno desta afirmação de defesa do direito internacional. E acho que é alguém que superou todas as expectativas quanto à capacidade de liderança e de afirmação", declarou.
Depois de se dirigir ao Parlamento Europeu, Zelensky reúne-se ainda esta manhã com o conjunto do Conselho Europeu, estando previsto a seguir um período de duas horas para reuniões bilaterais em grupo com os chefes de Estado e de Governo dos 27.