09 fev, 2023 - 06:01 • Filipa Ribeiro
O eurodeputado Paulo Rangel tem assistido, em Bruxelas, com preocupação ao que é dito por António Costa sobre adesão da Ucrânia à União Europeia (UE).
Em entrevista à Renascença, o parlamentar do PSD confessa estar preocupado com o Governo português e, “em particular, com a relutância do primeiro-ministro em conceder o estatuto de país candidato à Ucrânia”.
Ainda esta quarta-feira, o primeiro-ministro voltou a a avisar que a União Europeia tem de fazer reformas, quer do ponto de vista institucional quer orçamental, para poder acolher novos países, como a Ucrânia.
Rangel diz não compreender a vantagem de Portugal não estar alinhado com os países mais solidários. “António Costa, por mais que diga que está solidário, que compreende e apoia a Ucrânia, coloca sempre um 'mas'. Há sempre uma relutância”, critica o eurodeputado, apontado como exemplo comprovativo a discussão sobre se Portugal vai ou não enviar tanques de guerra Leopard 2 para Kiev.
Paulo Rangel não tem dúvidas de que a cimeira que começa esta quinta-feira, em Bruxelas, e vai contar com a presença do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vai reforçar a ligação entre a União Europeia e a Ucrânia.
Conselho Europeu
No contexto da adesão da Ucrânia, primeiro-ministr(...)
O eurodeputado considera mesmo que a ligação entre Kiev e Bruxelas vai ajudar a acelerar o processo de entrada da Ucrânia no bloco europeu. “Claro que não estamos a falar de amanhã”, esclarece. "É uma coisa que se verá só depois da guerra, mas que vai ocorrer até mais rapidamente do que se imagina."
Sobre o que se perspetiva para este Conselho Europeu, o eurodeputado do PSD não tem dúvidas de que a Ucrânia vai sair com mais apoio e a Rússia com mais sanções.
A poucas semanas de se completar um ano da guerra, Paulo Rangel admite que com o aumento das ajudas da União Europeia torna-se iminente uma reação da Rússia.
"Não se pode negar que à medida que a Ucrânia vai precisando de mais e mais armamento e de armamento mais sofisticado e de outro nível, os riscos de uma escalada também aumentam porque, evidentemente, dado o envolvimento que os Estados da NATO e da União Europeia têm no apoio à Ucrânia, isso pode dar um pretexto ao regime de Putin para dizer 'agora estamos em guerra', não propriamente com a Ucrânia, mas com todo o Ocidente”.
Ainda assim, Paulo Rangel defende que a União deve manter a ajuda com o esforço de ser um apoio na defensiva e não na ofensiva.
Guerra na Ucrânia
Presidente da Comissão Europeia está em Kiev e anu(...)
Noutro plano, o eurodeputado considera que os membros da União Europeia não têm o nível de preparação necessário para evitar grandes danos em caso de acontecer catástrofes como a desta semana, na Turquia e na Síria, onde um sismo matou mais de 15 mil pessoas.
O eurodeputado fez referência ao caso português. “Nas escolas, fábricas e empresas as pessoas deviam fazer exercícios todos os meses, ou de 15 em 15 dias para saber como reagir”, simulacros que poderão poupar muitas vidas.
Paulo Rangel lamenta que estes exercícios não estejam a ser praticados tanto pela população como pela Proteção Civil, por exemplo.
Outra das falhas que mostra a falta de preparação é o não cumprimento dos regulamentos antissísmicos, que Paulo Rangel suspeita que acontece. “Devia haver uma fiscalização das construções principalmente nas zonas sísmicas”, diz o social-democrata, lamentando a falta de atenção dada por Portugal a estes temas, depois de se terem já vivido sismos e terramotos com grandes danos no país.
Sobre a Turquia e a Síria, Paulo Rangel sublinha que a União Europeia está pronta a dar para já ajuda humanitária e futuramente de financiamento para a reconstrução, sublinhando que no caso da Síria a situação é complexa devido ao regime de Assad que é muito isolado.