13 fev, 2023 - 20:30 • Diogo Camilo
A 3 de fevereiro, o descarrilamento de um comboio na fronteira entre os estados norte-americanos de Ohio e Pensilvânia provocou alarme na região. Entre as 50 carruagens envolvidas no incidente, mais de cinco carregavam cloreto de vinilo, um gás químico altamente inflamável e cancerígeno, usado no fabrico de plástico.
Para responder à ameaça e evitar uma “catástrofe mundial”, nas palavras do governador do Ohio, Mike DeWine, autoridades criaram uma explosão do gás, seguida de uma incineração da restante carga. Segundo a Agência de Emergências de Ohio, tudo correu “como planeado” e não houve registo de feridos ou mortes.
Uma semana e meia depois, os efeitos da nuvem química criada à volta da região parecem ter passado - e as mais de duas mil pessoas retiradas num raio de três quilómetros podem voltar a casa.
A ordem que incidiu principalmente sobre os habitantes de East Palestine, no estado do Ohio, foi oficialmente suspensa na quarta-feira, depois da monitorização do ar e da água não ter encontrado níveis de contaminação acima do normal. No entanto, e apesar das autoridades terem garantido aos moradores que o perigo imediato passou, algumas continuam sem voltar a casa.
Além de altamente inflamável, o gás químico não tem cheiro e está ligado a um risco aumentado de cancro do fígado. Estudos do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA alertam que respirar cloreto de vinilo por longos períodos pode levar ainda a cancro dos pulmões, cancro do cérebro e alguns tipos de cancros do sangue.
Mesmo durante pequenos períodos, a exposição ao gás pode levar a sintomas como dores de cabeça, cansaço, tonturas e sonolência.
A decisão de queimar o gás, mesmo de maneira controlada, também pode não ter sido a melhor. A nuvem química que se criou é formada por gases como o fosgénio e o cloreto de hidrogénio: o primeiro é altamente tóxico, que causa vómitos e problemas respiratórios, e era usado como arma química na Primeira Guerra Mundial; o segundo pode formar vapores de ácido clorídrico em contacto com o vapor de água.
Os gases em questão são mais pesados que o ar, o que leva a que fiquem retidos nas zonas de menor altitude.
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos já disse estar a monitorizar estes dois químicos. Em esclarecimento, autoridades norte-americanas voltaram a indicar esta semana que a água e o ar da região são seguros.
O comboio, da Norfolk Southern, transportava a carga desde Madison, no estado de Illinois, até Conway, na Pensilvânia.