20 fev, 2023 - 10:01 • Pedro Valente Lima
Esta segunda-feira, o Presidente dos EUA faz uma visita surpresa a Kiev, na semana em que se assinala um ano da invasão russa à Ucrânia.
O conselheiro do ministério do Interior ucraniano, Anton Gerashchenko, revelou imagens da chegada do líder norte-americano à capital, no Twitter.
O Presidente dos Estados Unidos encontra-se com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que entretanto partilhou uma fotografia do momento na rede social Telegram.
"Joseph Biden, bem-vindo a Kiev! A tua visita é um sinal extremamente importante de apoio a todos os ucranianos", escreveu Zelensky.
Joe Biden já prestou declarações, escreve a Bloomberg: "Com o mundo a prepara-se para o aniversário da brutal invasão russa à Ucrânia, estou em Kiev hoje para me encontrar com o Presidente Zelensky e reafirmar o nosso inabalável e incansável compromisso para com a democracia, soberania e integridade territorial da Ucrânia".
Enquanto a visita decorria, ouviam-se sirenes de ataque aéreo por toda a Ucrânia.
À imprensa, Zelensky sublinha que a "visita de Biden é muito simbólica", especialmente num momento "muito complicado" na história da Ucrânia. Na noite da invasão russa, "foram os EUA os primeiros a ligar", frisa o líder ucraniano.
As conversações com o Presidente dos EUA tinham sido "frutíferas e cruciais", que "definitivamente terão efeitos no campo de batalha". "Esperamos que este ano de 2023 seja um ano de vitórias."
Com o apoio dos aliados, Zelensky reforça ainda que anseia por uma vitória do "mundo democrático" nesta "luta histórica". O Presidente ucraniano deu ênfase ainda às sanções à Rússia, especialmente no final da guerra: "A reconstrução e a recuperação da justiça também são importantes. O agressor deve assumir a responsabilidade pela agressão e reembolsar os danos causados".
Já o Presidente norte-americano, confirmando a história do telefonema, revela ter tido logo duas dúvidas: "Como posso ser útil? Como posso ajudar?" Ao que Zelensky terá respondido: "Reúne todos os líderes mundiais e pede-lhes que ajudem a Ucrânia".
Biden relembra as seis visitas que já tinha feito à Ucrânia, na qualidade de vice-presidente, a última delas em 2017, dias antes de abandonar a Casa Branca. Em nova visita, desta vez como chefe de Estado, o Presidente norte-americano realça que a Ucrânia tem "sucedido contra todas as expectativas, exceto as vossas [dos ucranianos]".
"Temos toda a confiança de que vocês irão continuar a prevalecer."
Joe Biden frisa ainda que "o povo norte-americano sabe o que importa": "Agressões descontroladas são uma ameaça para todos nós". Os "mais de 50 países da NATO" mostraram-se disponíveis para "ajudar a Ucrânia a defender-se", numa "ajuda militar, económica e humanitária sem precedentes".
Ao longo do discurso aos jornalistas, Biden diz ainda que irá anunciar "outra entrega de equipamento crítico", no valor de 500 milhões de dólares, para ajudar a proteger o povo ucraniano dos ataques aéreos da Rússia, incluindo "munições de artilharia, sistemas anti-carro e radares de vigilância aérea".
O Presidente dos EUA anunciou ainda o reforço das sanções económicas contra indivíduos e empresas que continuem a "alimentar a máquina de guerra russa".
"O objetivo da Rússia era eliminar a Ucrânia do mapa, mas está a falhar. A Rússia tem perdido território."
No final, Joe Biden diz ter ficado "feliz" em "retribuir" a visita que Zelensky fez a Washington D.C., em dezembro. "Disseste-nos, no Congresso, que 'vocês não têm medo'. O senhor Presidente [Zelensky] relembra o mundo, todos os dias, a palavra 'coragem'".
"Vale a pena lutar, o tempo que for preciso. E é esse o tempo que nós estaremos sempre ao vosso lado: o tempo que for preciso", remata o Presidente norte-americano.
A agenda de Joe Biden previa a visita, esta segunda-feira, à Polónia. A viagem a Varsóvia deverá manter-se, mas o Presidente norte-americano optou, assim, por fazer uma paragem em Kiev, a cerca de 800 quilómetros de distância.
Ouvida pela Renascença, a especialista em Assuntos Políticos da Universidade Católica, Lívia Franco, considera que a visita de Biden tem como objetivo reforçar o compromisso dos Estados Unidos em relação à Ucrânia na guerra com a Rússia.
“Acho que a visita tem uma finalidade: primeiro, que não haja dúvidas do apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Segundo aspeto, nós sabemos que, com a maioria republicana na Câmara dos Representantes, começam a aparecer com alguma força vozes dissonantes relativamente a este apoio. Talvez não em relação à necessidade e à benevolência deste apoio, mas ao modo e volume. Tendo inaugurado agora um ano de forte campanha presidencial, o Presidente Biden acha que é altura para reforçar esse mesmo apoio e para afastar dúvidas que possam existir”, afirma Lívia Franco.