22 fev, 2023 - 07:05 • Pedro Valente Lima
Itália enfrenta novo alerta de seca, numa altura em que vários corpos de água do país se apresentam a níveis consideravelmente inferiores ao normal para a época. Em Veneza, o baixo caudal dos canais dificulta a travessia de gôndolas, táxis e ambulâncias, descreve a Reuters.
De acordo com cientistas e grupos ambientais, citados pela mesma agência noticiosa, além da fraca precipitação, a queda de neve nos Alpes tem estado abaixo de metade dos níveis normais durante o inverno.
Os efeitos têm-se feito notar em várias regiões italianas. Em Veneza, onde os alertas de cheias são mais comuns, o fraco caudal atual tem esvaziado canais, impossibilitando a travessia das embarcações pela cidade. A escassez de água tem sido atribuído a uma multiplicidade de fatores, desde a falta de chuva às variações nas correntes marítimas.
Segundo o The Guardian, o lago Garda regista o nível mais baixo dos últimos 35 invernos. O baixo caudal é o suficiente para que seja possível chegar à ilha de San Bagio a pé.
Segundo a Legambiente, associação ambientalista italiana, os rios e lagos da região norte do país têm sido os mais afetados. Segundo o Conselho Nacional de Investigação de Itália, citado pelo The Guardian, a precipitação nesta região esteve 40% abaixo do normal em 2022 e a falta de chuva desde o início de 2023 tem sido significativa.
O rio Pó, o maior em Itália e um dos maiores da Europa, com nascente nos Alpes, apresenta níveis de água 61% inferiores à média durante o inverno. Segundo o jornal The Guardian, na região de Pavia, o nível da água do rio está três metros abaixo do normal, "com as margens a tornarem-se praias", um fenómeno apenas usual no verão.
O cenário de seca continua a predominar o Pó, depois de no verão de 2022 o rio ter registado a pior seca dos últimos 70 anos. Em agosto, o caudal do rio Pó estava 90% abaixo do normal. "Nada mudou desde 2022. Ainda estamos numa situação de défice", aponta Luca Mercalli, presidente da Sociedade Meteorológica Italiana, ao The Guardian.
"Esperemos pela primavera, que é, normalmente, o período mais chuvoso para o vale do Pó. Há uma boa possibilidade de que a precipitação em abril e maio possam compensar, é a nossa última esperança. Se não tivermos chuva de primavera por dois anos consecutivos, então será a primeira vez de sempre que isso acontece."
Segundo a Reuters, Massimiliano Pasqui, especialista do Conselho Nacional de Investigação do país, há um crescendo do défice de água, que já havia começado no inverno de 2020. "Precisamos de recuperar 500 milímetros [de chuva] nas regiões do noroeste: precisamos de 50 dias de chuva."