01 mar, 2023 - 11:50 • Pedro Valente Lima com Reuters
Greta Thunberg foi detida temporariamente numa manifestação esta quarta-feira de manhã em Oslo. Segundo a agência Reuters, a ativista sueca participava num protesto pela remoção das turbinas eólicas instaladas em terras indígenas na Noruega.
Esta segunda-feira, a jovem de 20 anos, conhecida mundialmente pelas suas ações de sensibilização para as alterações climáticas, havia-se juntado a outros manifestantes no bloqueio dos acessos às sedes de vários ministérios do Governo norueguês.
Vários ativistas, incluindo Greta Thunberg, viriam a ser detidos pela polícia de Oslo dois dias depois, numa concentração de centenas de pessoas que impedia a entrada no ministério das Finanças.
"Eles [o Governo da Noruega] devia ter previsto as manifestações, depois de terem violado direitos humanos", sublinhou a ativista sueca que, no momento da detenção, portava uma bandeira do povo indígena Sami.
Entretanto, Greta já foi libertada, a par de outros manifestantes. Mas a jovem sueca não se coibiu de regressar aos protestos, tendo-se entretanto acorrentado à entrada da sede do ministério da Energia.
Esta já é a segunda vez que a ativista é detida em protestos este ano. Em janeiro, a jovem sueca foi detida durante uma manifestação contra a demolição da aldeia de Luetzerath, na Alemanha, devido à construção de uma mina de carvão a céu aberto em Garzweile, a nove quilómetros da localidade.
Os sucessivos bloqueios dos edifícios governamentais nos últimos dias já causaram perturbações à agenda do executivo norueguês, com o ministro da Energia, Terje Aasland, a cancelar a sua visita programa ao Reino Unido.
Os protestos contestam a instalação de turbinas eólicas em terras tradicionalmente ocupadas pelo povo Sami, na região central da Noruega, nomeadamente para pasto das renas.
Em 2021, o Supremo Tribunal da Noruega havia declarado que a construção de dois parques eólicos em Fosen, distrito do centro do país, violava os direitos do povo Sami, de acordo com convenções internacionais. Contudo, quase ano e meio depois, os equipamentos continuam em funcionamento.
De acordo com a Reuters, a população local apresenta queixas relativamente ao ruído produzido pelas turbinas eólicas, que não só assusta os animais, como ameaça uma tradição antiga do povo Sami.
No entanto, o ministro da Energia norueguês contraria a decisão judicial, afirmando que os parques eólicos instalados se encontram legais. Aasland diz-se comprometido nas conversações para uma possível solução, mas reconhece que poderão ser demoradas, levando até um ano para se atingir um consenso.
"Há conflitos de interesses e temos de arranjar a melhor solução possível", disse o ministro da Energia à Reuters, depois de se encontrar com alguns dos manifestantes no exterior do edifício.
"Temos de incluir os direitos humanos indígenas de uma boa forma, ou pelo menos garantir o pasto seguro das renas."
Uma das donas dos parques eólicos visados, Statkraft, mostra-se empenhada em "encontrar medidas de mitigação" dos efeitos nefastos provocados ao povo Sami. Em comunicado, a empresa norueguesa acredita num diálogo, entre os pastores e o ministro da Energia, que "garanta a operação" das turbinas e a "oportunidade de expressão cultural dos Sami".