05 mar, 2023 - 12:29 • Lusa
Confrontos violentos ocorreram hoje entre à polícia e manifestantes em frente ao Parlamento em Atenas, durante um protesto contra o Governo após o desastre ferroviário na Grécia que fez 57 mortos.
Manifestantes incendiaram caixotes de lixo e lançaram 'cocktails molotov' contra os agentes de segurança, enquanto a polícia respondeu com gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento no centro da capital grega, na descrição da agência noticiosa AFP.
Em poucos minutos, a polícia grega dispersou cerca de 12 mil manifestantes na Praça Syntagma, onde decorreu o protesto para responsabilizar o Governo grego pelo acidente ferroviário de terça-feira à noite.
Milhares de pessoas, que tinham cartazes com frases como "Abaixo aos governos assassinos", responderam aos apelos de estudantes, funcionários das ferrovias e da administração pública para se manifestarem hoje, numa altura em que está em curso uma greve que afeta os comboios e o metro.
Diante do parlamento, soltaram-se centenas de balões pretos no céu em memória das vítimas do choque frontal entre um comboio de passageiros que viajava de Atenas para Tessalónica, no norte, e um comboio de mercadorias na noite de terça-feira.
Antes, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, pediu desculpas às famílias das vítimas numa declaração solene.
"Como primeiro-ministro, devo a todos, mas especialmente aos familiares das vítimas, perdão", declarou Mitsotakis, numa mensagem dirigida aos gregos, publicada na rede social Facebook.
"Na Grécia de 2023, não é possível que dois comboios circulem em direções opostas na mesma linha e não sejam notados por alguém", referiu.
"Não podemos, não queremos e não nos devemos esconder atrás do erro humano", atribuído ao chefe da estação de Larissa, insistiu o primeiro-ministro conservador.
Choque entre comboios
Acusações ao chefe da estação, de 59 anos, revelad(...)
O chefe da estação de Larissa, a cidade mais próxima do local do acidente, assumiu a responsabilidade pelo desastre.
Apresentado pelos meios de comunicação como inexperiente e no cargo há pouco tempo, o homem de 59 anos deve ser ouvido hoje pela justiça grega e poderá ser acusado de homicídio.
No entanto, o estado de degradação da rede ferroviária, problemas no sistema de sinalização e a segurança nas ferrovias foram apontados como problemas já existentes.
Os representantes sindicais vinham alertando nas últimas semanas para as diversas deficiências na rede e para a falta de funcionários.
Não muito longe dos protestos, o primeiro-ministro grego participou hoje num serviço religioso na catedral ortodoxa de Atenas, quando as igrejas de todo o país planeiam prestar homenagem às vítimas do acidente.
Na sexta-feira, manifestantes protestaram e gritaram chamando assassinos junto à sede da companhia ferroviária Hellenic Train, em Atenas, e escreveram a palavra com letras vermelhas na fachada do prédio.