09 mar, 2023 - 07:39 • José Pedro Frazão (enviado especial da Renascença à Ucrânia) , Pedro Valente Lima
A Rússia desencadeou, na madrugada desta quinta-feira, uma vaga de mísseis sobre diversas cidades ucranianas. De acordo com as autoridades, há registo de, pelo menos, nove mortos.
Ao que tudo indica, os alvos eram, sobretudo, infraestruturas energéticas, mas também foram atingidas zonas residenciais. A ofensiva de mísseis terá chegado a vários dos principais centros urbanos da Ucrânia, incluindo Kiev, Lviv, Odessa, Kharkiv, Kherson e Dnipro.
A capital do país acordou com várias explosões, que fizeram, pelo menos, três feridos. Parte da cidade está sem aquecimento e 40% da população está sem eletricidade, de acordo com o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko. Registam-se, naturalmente, dificuldades no acesso às comunicações, nomeadamente online.
Na província de Lviv, os dados preliminares avançados pelo governador local, Maksym Kozytsky, confirmam cinco mortos: três homens e duas mulheres, que estavam em casa no momento do ataque.
Já na cidade de Kherson, um dos ataques atingiu um autocarro e fez três mortos, avança o Andriy Yermak, chefe de gabinete do Presidente, citado pela Agence France-Presse (AFP).
Na região de Dnipro, há registo de uma vítima mortal e dois feridos, enquanto Kharkiv está sem acesso a água canalizada, eletricidade e aquecimento central, segundo o presidente da Câmara local.
O Presidente ucraniano já reagiu à investida russa, endereçando as suas condolências às famílias das vítimas. "Foi uma noite difícil. Um ataque massivo de mísseis por todo o nosso país [atingiu] as regiões de Kiev, Kirovohrad, Dnipro, Odessa, Kharkiv, Zaporíjia, Lviv, Ivano-Frankivsk, Zhytomyr e Vinnytsia", escreveu, na rede social Telegram.
Volodymyr Zelensky garante que "todos os serviços estão a funcionar" e que a energia "será reposta", assim como foram impostas restrições em todas as regiões afetadas.
"O inimigo disparou 81 mísseis, numa tentativa de intimidar os ucranianos novamente, regressando às suas táticas miseráveis. Os ocupantes apenas conseguem aterrorizar civis. É só isso que conseguem fazer. Mas não os vai ajudar. Não se livram da responsabilidade por tudo o que fizeram."
O líder ucraniano agradece ainda aos "guardiões dos céus" e a todos os que têm ajudado a enfrentar as consequências da ofensiva russa.
Nesta investida a várias cidades ucranianas, as forças russas usaram vários engenhos, desde mísseis balísticos a drones "kamikaze". Segundo a Reuters, além dos 81 mísseis, Moscovo lançou ataques com oito drones ao longo da madrugada desta quinta-feira.
Algumas das explosões ouvidas em Kiev são resultantes da interceção eficaz dos objetos voadores pelo sistema antiaéreo ucraniano. No entanto, a tecnologia de defesa do país não conseguiu intercetar seis mísseis hipersónicos Kinzhal, nota a agência Reuters.
Por prevenção, a Ucrânia já fez cortes de energia de emergência, nomeadamente nas estruturas afetadas e ainda entre a central nuclear de Zaporíjia, ocupada pelo exército russo, e a restante rede elétrica.
[Notícia atualizada às 9h58 de 9 de março de 2023, com atualização do número de mortes confirmadas]