10 mar, 2023 - 17:56 • Teresa Paula Costa com Lusa
O Reino Unido vai contribuir com 541 milhões de euros nos próximos três anos para reforçar o controlo das costas francesas e impedir a travessia de migrantes ilegais no Canal da Mancha.
O acordo surge na sequência da cimeira franco-britânica que decorreu esta sexta-feira em Paris, entre o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.
Segundo um comunicado emitido após a cimeira, “nos próximos três anos, a contribuição do Reino Unido será de 141 milhões de euros em 2023-24, 191 milhões em 2024-25 e 209 milhões em 2025-2026”.
Além disso, vai ser aberto “um novo centro de detenção no norte de França, um novo centro de comando que reúne as equipas (francesas e britânicas) pela primeira vez e 500 agentes adicionais para patrulhar as praias francesas”.
Numa conferência de imprensa conjunta, Rishi Sunak anunciou que serão utilizados mais “drones” e outras tecnologias de vigilância “para aumentar a taxa de interceção”.
O Presidente francês frisou que ambos os países querem “avançar juntos” nesta luta contra a imigração irregular, estando “conscientes dos desafios humanos” e da “extrema sensibilidade destas questões”.
De acordo com Emmanuel Macron, em 2022, foram impedidas mais de 30.000 travessias e desmanteladas 55 redes de crime organizado.
Inglaterra
Número total de travessias desde o início deste an(...)
Das operações, resultou a detenção de 500 pessoas, “graças ao trabalho da unidade conjunta franco-britânica de informação”, revelou o chefe de Estado francês.
No ano passado, quase 46.000 pessoas conseguiram fazer a travessia, contra 28.000 em 2021, de acordo com as estatísticas das autoridades britânicas.
Os dois países tinham assinado, em novembro passado, um acordo que implicava a contribuição britânica de 72,2 milhões de euros para trabalharem em conjunto no combate às migrações ilegais, mas o financiamento terminaria em 2023.
“Decidimos hoje continuar nesta direção de uma forma muito operacional, concreta e consciente da natureza partilhada da nossa responsabilidade”, disse o Presidente francês, que colocou de parte um entendimento bilateral para França receber migrantes ilegais que cheguem ao Reino Unido, lembrando que é algo que terá de ser negociado com a União Europeia.
Desde a saída da União Europeia (UE) que o Reino Unido deixou de fazer parte da convenção de Dublin, que permite o repatriamento dessas pessoas para países considerados seguros por onde tenham passado.
Londres argumenta que os migrantes devem pedir asilo nos países europeus por onde passam, em vez de tentar chegar a território britânico.