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Há 9 anos Vladimir Putin começava a retalhar a Ucrânia

18 mar, 2023 - 09:51 • Lusa

Os resultados da invasão da Crimeira não foram reconhecidos pela comunidade internacional. O líder russo ratificou a lei de anexação a 21 de março.

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A 18 de março de 2014, Putin assinou o tratado de anexação para “reintegração da Crimeia na Federação Russa” — a estratégica península no Mar Negro fazia parte da URSS até ao desmoronamento desta, embora tenha pertencido durante séculos ao Império Otomano.

Hoje, é a reintegração da Crimeia na Ucrânia que está em causa, com as autoridades de Kiev a definirem como objetivo a sua recuperação, no conflito em curso iniciado com a invasão russa em larga escala do território ucraniano, em fevereiro de 2022.

A “reintegração” na Rússia seguiu-se a uma invasão por forças russas em fevereiro de 2014 – na sequência do afastamento em Kiev do presidente ucraniano pró-russo Viktor Yanukovych – e a um apressado “referendo” orquestrado pelas autoridades russas, que concluiu com um apoio de 96,77% à incorporação na Rússia.

Os resultados não foram reconhecidos pela comunidade internacional. O líder russo ratificou a lei de anexação a 21 de março.

A ‘receita’ de invasão, referendo ‘relâmpago’ e anexação foi, aliás, seguida pelo Kremlin também em setembro de 2022 depois da ocupação de partes das províncias ucranianas de Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk.

Na véspera do aniversário da anexação da Crimeia, o presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que a Rússia fará de tudo para evitar ameaças à segurança da península e da cidade portuária de Sebastopol.

“Obviamente, os problemas de segurança são uma prioridade para a Crimeia e Sebastopol, especialmente hoje” com a campanha de guerra russa na Ucrânia às suas portas, sublinhou na sexta-feira o chefe de Estado durante uma videoconferência sobre o desenvolvimento socioeconómico da península.

Perante o líder imposto pela Rússia na Crimeia, Sergei Axionov, o chefe do Kremlin enfatizou que, nove anos atrás, os residentes da Crimeia e Sebastopol tomaram uma “decisão histórica final e inequívoca: tornar-se parte de um único grande país mais uma vez e para sempre”.

Com a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia conseguiu criar um corredor terrestre entre o Donbass, no leste da Ucrânia, e a Crimeia, no sul, que precisa de recursos hidrológicos para sua sobrevivência.

O Mar de Azov tornou-se num mar interior russo, garantindo a segurança da Crimeia, que também criou uma linha de fortificações.

Nos últimos treze meses, a Crimeia foi, no entanto, alvo de ataques separados atribuídos à Ucrânia, incluindo em agosto de 2022 uma operação de sabotagem contra um arsenal do exército russo e explosões suspeitas num aeródromo.

Em outubro passado, a ponte da Crimeia, inaugurada pelo próprio Putin para ligar a península ocupada à Rússia, foi fortemente danificada por um ataque atribuído por Moscovo à Ucrânia, mas não reivindicado.

O vice-primeiro-ministro russo, Marat Khusnulin, disse também na sexta-feira que a circulação na ponte será em breve aberta a camiões e que a segunda ferrovia da será reaberta antes de julho.

A Ucrânia nunca deixou de insistir que, mais cedo ou mais tarde, libertará o território ocupado. Em agosto de 2021, Kiev lançou a Plataforma da Crimeia, que procura apoio internacional para a recuperação da península e que este ano pediu à Rússia que cesse imediatamente as hostilidades e retire suas tropas dos territórios ocupados.

Na quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia reiterou que Ancara não reconhece a “anexação ilegal” da Crimeia pela Rússia, após “um referendo ilegítimo realizado em violação do direito internacional”.

A situação dos turcos tártaros da Crimeia, que são o povo indígena do território, é prioridade turca, disse o ministério.

“A Turquia continuará a apoiar nossos compatriotas tártaros da Crimeia na sua pátria histórica, a Crimeia, preservando sua identidade e garantindo que vivam em segurança e paz”, acrescentou.

Outros países, como a Lituânia, emitiram declarações de condenação da anexação da Crimeia.

A 26 de fevereiro, para assinalar o início da invasão do território, o Departamento de Estado norte-americano emitiu uma curta nota reiterando o reconhecimento da soberania ucraniana.

“Os Estados Unidos não reconhecem e nunca reconhecerão a suposta anexação da península pela Rússia. A Crimeia é da Ucrânia”, sublinhou Washington.

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