21 mar, 2023 - 12:33 • Reuters
A cidade de Nova Iorque ergueu barricadas em torno de um tribunal de Manhattan, face à detenção iminente de Donald Trump por um alegado suborno à atriz pornográfica Stormy Daniels durante a campanha presidencial de 2016.
A confirmar-se a acusação formal de Trump, esta será a primeira vez que chega a tribunal um caso criminal contra um Presidente dos EUA. No sábado, Trump recorreu às suas redes sociais para pedir aos apoiantes que se organizem num protesto contra o que disse ser a sua detenção iminente, esta terça-feira.
De acordo com fontes ao Politico, a detenção deverá mesmo ter lugar hoje. Com o pedido que dirigiu aos seus apoiantes, as forças de segurança ficaram alerta para a possibilidade de um novo episódio de violência semelhante ao que aconteceu em 6 de janeiro de 2021, no ataque ao Capitólio, em Washington.
Analistas de segurança dizem que, temendo que possam ficar encurralados, vários grupos de extrema-direita que apoiam Trump optaram por não responder ao seu apelo.
Ontem, um grande júri responsável pelo caso Stormy Daniels ouviu novas testemunhas, podendo decidir indiciar já esta semana o ex-Presidente e aspirante a recandidato à Casa Branca nas eleições de 2024 pelo Partido Republicano.
Entre as testemunhas ontem ouvidas no tribunal de Manhattan contaram-se o advogado Robert Costello, que declarou sob juramento que o ex-conselheiro de Trump, Michael Cohen, geriu os pagamentos pelo silêncio de Daniels sem o envolvimento do antigo chefe de Estado.
"Michael Cohen decidiu por si próprio, foi o que ele nos disse, para ver se conseguia resolver o assunto", declarou Costello aos jornalistas após testemunhar perante o grande júri a pedido da equipa de defesa de Trump.
Cohen, que já testemunhou duas vezes perante o mesmo júri, garantiu publicamente que Trump lhe ordenou que fizesse os pagamentos em seu nome.
De acordo com uma sondagem da Reuters/Ipsos divulgada ontem, cerca de 44% dos republicanos consideram que Trump deve desistir da corrida presidencial caso seja indiciado.
A investigação liderada pelo procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, é uma de vários processos judiciais a pender sob Trump neste momento.
Em 2018, Michael Cohen declarou-se culpado de violações federais de financiamento de campanhas eleitorais ao organizar os pagamentos de subornos a Daniels, cujo nome legal é Stephanie Clifford, e a uma outra mulher, em troca do silêncio de ambas sobre casos extraconjugais que terá mantido com ambas.
Trump continua a desmentir qualquer caso amoroso.
Em dezembro passado, Alvin Bragg alcançou uma grande vitória num processos judicial contra a Organização Trump, que viu a empresa do ex-Presidente ser condenada à pena máxima por fraude fiscal.
Contudo, analistas legais dizem que o caso dos subornos pode ser mais difícil de resolver, já que a procuradoria terá de provar que Trump tinha a intenção de cometer um crime. Os advogados do ex-Presidente deverão recorrer a uma série de contraataques para tentarem que o processo seja anulado.
Trump, entretanto, enfrenta outros casos judiciais. Ontem, os seus advogados pediram a um tribunal da Georgia que ignore um relatório de um grande júri especial sobre os alegados esforços do ex-Presidente para reverter os resultados das presidenciais de 2020, que deram a vitória a Joe Biden.
O ex-chefe de Estado norte-americano enfrenta ainda um processo civil por fraude, que deverá começar a ser julgado a 2 de outubro, aberto pela procuradoria-geral de Nova Iorque por suspeitas de um esquema com mais de uma década para manipular o valor dos seus bens e assim conseguir melhores condições de financiamento de bancos e seguradoras nos seus negócios.
Trump enfrenta ainda dois outros julgamentos civis, ambos relacionados com a ex-colunista E. Jean Carroll, que alega que Trump a difamou ao desmentir que a violou. Um juiz federal rejeitou, na segunda-feira, pedidos da defesa de Trump e também da acusação para unir os dois processos num só.