22 mar, 2023 - 00:27 • Lusa
O Presidente francês enviou hoje uma mensagem de firmeza perante a multiplicação de protestos nas ruas contra a revisão da lei das reformas, que mantém paralisados vários setores económicos e ameaça fazer faltar combustíveis nos próximos dias.
Após receber os principais elementos dos seus Governo e grupo parlamentar no palácio do Eliseu, Emmanuel Macron fez saber que não só não remodelará o Governo, como não convocará eleições nem um referendo, como lhe pede a oposição, pondo assim fim a uma série de rumores sobre a questão.
Macron romperá o silêncio na quarta-feira, quando for entrevistado nas duas principais estações televisivas de França, ocasião em que se espera revele a sua estratégia para sair da crise política em que o colocou a controversa revisão da lei das pensões, que aumenta de 62 para 64 anos a idade de reforma dos trabalhadores do país.
A ala presidencial insiste em dar por terminada uma luta que sindicatos e oposição querem manter, tanto no plano institucional como na frente social, impulsionados pela estreita margem de chumbo de uma das duas moções de censura de que o Governo foi alvo, vencendo por apenas nove votos.
A oposição apresentou recursos ao Conselho Constitucional e pretende obrigar o Governo a convocar um referendo sobre a matéria, para o que precisa de 4,5 milhões de assinaturas.
Mas a pressão é mais patente agora nas ruas de todo o país, onde, desde que, na passada quinta-feira, o executivo decidiu aprovar a revisão da lei das aposentações sem votação parlamentar, invocando o Artigo 49.3 da Constituição, que lhe permite fazê-lo, se multiplicaram as manifestações espontâneas, com frequência acompanhadas de incêndios em contentores do lixo e mobiliário urbano.
Segundo o Ministério do Interior, registaram-se 1.200 destas concentrações, a maior parte delas na capital, Paris, onde só na segunda-feira à noite ocorreram quase 300 detenções.
O titular da pasta, Gérald Darmanin, alertou hoje de que estes protestos contra o Governo estão a entrar numa fase de "enorme desordem", referindo a invasão de edifícios públicos, o lançamento de projéteis contra as forças de segurança e o ateamento de fogo a veículos.