27 mar, 2023 - 12:20 • Lusa
A câmara baixa do Parlamento indiano suspendeu esta segunda-feira a sua sessão após protestos no hemiciclo contra a destituição do deputado Rahul Gandhi, um dos mais importantes líderes da oposição na Índia.
Rahul Gandhi, líder do Partido do Congresso Indiano, foi destituído na sexta-feira da Câmara Baixa do Parlamento [Lok Sabha], um dia depois de ser condenado à prisão por difamar o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Os integrantes do opositor Partido do Congresso, vestindo camisas pretas e lenços, interromperam a sessão de hoje na câmara baixa, levando o presidente da casa a suspender os debates.
"Quero conduzir a Câmara com dignidade. Os trabalhos da Câmara estão suspensos até as 16:00, [horário local]", anunciou o seu presidente, Om Birla.
A Câmara decidiu na sexta-feira que Gandhi não poderia mais ocupar um assento no hemiciclo após a sua condenação judicial.
Um tribunal de Gujarat (oeste), estado de origem de Modi, condenou Gandhi a dois anos de prisão por ter declarado durante a campanha eleitoral de 2019 que "todos os ladrões têm o apelido Modi".
Gandhi foi libertado sob fiança no mesmo dia, depois de os seus advogados anunciarem a intenção de recorrer da sentença.
No sábado, o líder da oposição disse que continuaria a defender a democracia, após atribuir a perda do seu cargo aos seus pedidos de investigação sobre as ligações entre Modi e o magnata Gautam Adani, acusado de fraude.
O partido do Congresso acusou Modi de encorajar a rápida ascensão de Gautam Adani, permitindo que o bilionário, também de Gujarat, ganhasse contratos de forma duvidosa e evitasse investigações.
Gandhi, de 52 anos, é um dos mais importantes membros do Partido do Congresso, uma formação que já dominou a política indiana, mas que perdeu o protagonismo à medida que o conservador Partido Bharatiya Janata (BJP, partido de Modi) conquistou a maioria hindu do país.
"Por favor, entendam porque fui destituído" da Câmara Baixa. Fui destituído porque o primeiro-ministro (...) tem medo do próximo discurso que virá sobre Adani, disse Gandhi aos jornalistas.
"Estou aqui a defender a voz democrática do povo indiano. Não tenho medo destas ameaças", acrescentou Gandhi.
O Governo de Modi é regularmente acusado de usar a lei para atingir e silenciar os seus críticos.