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Relatório do Governo dos EUA sobre retirada caótica do Afeganistão culpa Trump

06 abr, 2023 - 21:24 • Redação com Lusa

“As escolhas do presidente Biden sobre como executar uma retirada do Afeganistão foram severamente condicionadas pelas condições criadas pelo seu antecessor”, afirma o resumo da Casa Branca.

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Um relatório do Governo norte-americano sobre a caótica retirada das suas tropas do Afeganistão em 2021 culpabiliza maioritariamente o ex-presidente Donald Trump, advogando que as decisões deste "limitaram severamente" o atual chefe de Estado, Joe Biden.

A Casa Branca divulgou hoje publicamente um resumo de 12 páginas dos resultados da chamada “lavagem a quente” (avaliação ao desempenho de uma agência governamental após um evento importante) das políticas dos Estados Unidos (EUA) em torno do fim da guerra mais longa do país, assumindo pouca responsabilidade pelas decisões da Presidência de Biden durante a crise da retirada há quase dois anos.

O Governo norte-americano disse que a maioria das revisões pós-ação, que foram transmitidas de forma privada ao Congresso, eram altamente sigilosas e não seriam divulgadas publicamente.

“As escolhas do Presidente Biden sobre como executar uma retirada do Afeganistão foram severamente condicionadas pelas condições criadas pelo seu antecessor”, afirma o resumo da Casa Branca.

Quando Biden assumiu o cargo, adianta, “os talibãs estavam na posição militar mais forte desde 2001, controlando ou contestando quase metade do país”.

O relatório, liderado pelo Conselho de Segurança Nacional, critica as avaliações excessivamente otimistas dos serviços de informaçoes sobre a disposição do exército afegão para lutar e diz que Biden seguiu as recomendações dos comandantes militares acerca do ritmo da retirada das forças norte-americanas.

A Casa Branca afirma que os erros do Afeganistão moldaram a sua forma de lidar com a Ucrânia, onde o Governo Biden tem apoiado a defesa de Kiev contra a invasão da Rússia.

A Casa Branca diz que simulou os piores cenários antes da invasão russa de fevereiro de 2022 e atuou para divulgar com meses de antecedência as informações sobre as intenções de Moscovo.

Os Republicanos no Congresso criticaram duramente a retirada do Afeganistão, concentrando-se nas mortes de 13 militares num atentado suicida no aeroporto de Cabul.

O ex-sargento da Marinha Tyler Vargas-Andrews, que ficou gravemente ferido na explosão, disse numa audiência no Congresso no mês passado que a retirada “foi uma catástrofe” e “houve uma indesculpável falta de responsabilidade”.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, deu crédito às forças norte-americanas pelas suas ações na execução da maior retirada aérea de não-combatentes da história, durante o caos da queda de Cabul.

“Eles acabaram com a guerra mais longa da nossa nação”, disse Kirby a jornalistas. “Isso nunca seria uma coisa fácil de fazer. E, como o próprio Presidente disse, nunca seria de baixo grau, baixo risco ou baixo custo”.

Desde a retirada dos EUA, Biden culpou o acordo de fevereiro de 2020 que Trump alcançou com os talibãs em Doha, Catar, dizendo que isso impediu os norte-americanos de deixar o país.

O acordo deu aos talibãs uma legitimidade significativa e tem sido alvo de críticas de analistas, que o acusam de minar o Governo local apoiado pelos Estados Unidos, que entraria em colapso rapidamente um ano depois.

Mas o acordo também deu aos EUA o direito de se retirar casos as negociações de paz no Afeganistão falhassem — o que aconteceu.

O acordo exigia que os EUA removessem todas as forças até 01 de maio de 2021. Biden adiou uma retirada total para setembro, mas recusou-se a adiar mais, dizendo que isso prolongaria uma guerra que há muito precisava de terminar.

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