13 abr, 2023 - 17:48 • Pedro Mesquita com redação
O Governo do Reino Unido decidiu, com o propósito de ajudar os seus cidadãos, distribuir um "kit" com um cigarro eletrónico por um milhão de fumadores. O lema da campanha, que tem como objetivo reduzir as taxas de tabagismo para 5% ou menos até 2030, é “trocar para parar”.
Mas fará isto algum sentido? Não para a Organização Mundial da Saúde, nem para a União Europeia que, há muito classificam os cigarros eletrónicos como inseguros e prejudiciais para a saúde.
Contactada pela Renascença, Sofia Ravara, coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, sublinha que os cigarros eletrónicos não são medicamentos. São, pelo contrário, altamente viciantes.
“Os cigarros eletrónicos não são dispositivos médicos, nem medicamentos, são produtos de consumo que já foram banidos em mais de 40 países, entre os quais, por exemplo, o Brasil, a Finlândia. Portanto, são produtos que fornecem nicotina inalada, que é uma via pulmonar sistémica, e isto tem duas consequências: Por um lado, é altamente viciante e, por outro lado, além da minha que tinha fornecem quase mil substâncias entre as quais um componente líquido que tem glicerol ou propileno glicol”, disse.
De acordo com Sofia Ravara, não se pode dizer que o cigarro eletrónico é um mal menor. “Nós não sabemos. Agora a questão essencial é que estes produtos não são seguros e já foram identificados, em vários estudos, mecanismos da doença para o sistema respiratório, cardiovascular e para o sistema imunológico, diminuindo muitas defesas. Para além disso, eles também libertam substâncias carcinogénicas”, explicou.
Não há provas também que a passagem do cigarro tradicional para o cigarro eletrónico será útil para quem quer mesmo deixar de fumar, sublinha a especialista.
“Há um grupo de fumadores que consegue. Mas há pessoas que conseguem deixar de fumar a beber copos de água, também. Alguns estudos mostram que os cigarros eletrónicos de última geração fornecem tanta nicotina, ou mais. Eles são potencialmente até mais aditivos do que o cigarro normal. Aquilo é uma bomba de nicotina, uma explosão nicotina. Portanto, os nossos jovens estão a ficar viciados em nicotina e vai ser dificílimo tratá-los”, nota.