13 abr, 2023 - 10:40 • Lusa com redação
O ex-presidente norte-americano Donald Trump e o seu ex-vice-presidente Mike Pence são esperados, sexta-feira, no arranque da convenção anual da National Rifle Association (NRA), principal grupo de 'lobby' pró-armas do país.
Trump deverá falar presencialmente durante o Fórum de Liderança, o principal evento da convenção, agendado para a tarde de sexta-feira. Já , o governador da Florida Ron DeSantis e a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, os principais rivais de Trump na corrida à nomeação presencial pelo partido Republicano, vão participar no evento através de mensagens de vídeo.
Entre os conferencistas estarão, ainda, outros destacados republicanos como o governador o governador de New Hampshire, Chris Sununu, o senador Mike Braun e o ex-governador de Arkansas Asa Hutchinson.
O encontro anual da NRA acontece após recentes tiroteios em massa terem vitimado 9 pessoas. Em Nashville, no mês passado, morreram três crianças e três adultos numa escola cristã. Mais recentemente, um ataque em Louisville, no estado do Kentucky, um funcionário do Old National Bank matou a tiro cinco pessoas.
Os tiroteios reacenderam um debate sobre segurança e controlo de armas automáticas nos Estados Unidos, país que já registou mais de 140 tiroteios em massa desde o início do ano.
A NRA, o grupo de direitos de armas mais proeminente do país, é frequentemente alvo de críticas devido à sua oposição determinada e feroz contra todos os esforços para reduzir ou restringir o acesso a armas automáticas no país, apoiando-se num orçamento multimilionário para influenciar os membros do Congresso sobre a política de controlo de armas.
A decisão de Trump e Pence - ambos aspirantes à corrida à Casa Branca de 2024 - de comparecer ao evento em Indianápolis esta sexta-feira ocorre num momento em que o campo das primárias Republicanas começa a tomar forma.
Em 2017, após ser eleito Presidente, Trump disse aos participantes da convenção da National Rifle Association que tinham "um verdadeiro amigo na Casa Branca".
Já durante a sua campanha presidencial, Trump havia prometido acabar com os esforços do Presidente Barack Obama para fortalecer a verificação de antecedentes de portadores de armas e eliminar zonas livres de armas em escolas e bases militares.
A NRA gastou mais de 50 milhões de dólares (45,77 milhões de euros) em 2016 para apoiar a candidatura presidencial de Donald Trump e de vários candidatos Republicanos ao Senado, estabelecendo-se como uma força importante na eleição.
Por outro lado, o atual chefe de Estado, Joe Biden, tem lançado vários apelos para tentar travar a violência armada no país, e tem criticado reiteradamente os Republicanos do Congresso por não alterarem as leis que regulam a posse de armas de fogo.
Biden tem pedido repetidamente aos Republicanos, que controlam a Câmara de Representantes (câmara baixa do parlamento) que proíbam as metralhadoras e os carregadores de munições de grande capacidade, que tornam os ataques ainda mais mortíferos.
Os Estados Unidos aprovaram em 1994 um veto federal às metralhadoras no país, mas em 2004 este expirou sem que o Congresso o renovasse.
De acordo com uma análise publicada pelo Pew Research Center do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), o número de menores mortos por armas de fogo nos Estados Unidos aumentou 50% entre 2019 e 2021.
Em 2019, antes da pandemia de covid-19, houve 1.732 mortes por armas de fogo entre menores de 18 anos no país, um número que aumentou para 2.590 em 2021.
Tanto o número quanto a taxa de menores mortos por armas de fogo em 2021 representam o recorde desde pelo menos 1999, primeiro ano em que dados sobre mortalidade infantil por esta causa foram disponibilizados pelo CDC, destaca o estudo do Pew.
Paralelamente, também aumentou o número de mortes por armas de fogo entre a população em geral. Em 2019, registaram-se 39.707 óbitos e dois anos depois foram 48.830, mais 23%.
Além disso, um em cada cinco norte-americanos diz que teve um membro da família morto por uma arma de fogo, incluindo por suicídio, segundo um estudo divulgado esta semana.
O mesmo estudo, realizado pela organização sem fins lucrativos Kaiser Family Foundation, indica ainda que o mesmo número de cidadãos afirma ter sido diretamente ameaçado por uma arma de fogo, dados que evidenciam o elevado preço pago pelos Estados Unidos pela disseminação de armas de fogo no seu território e pela facilidade de acesso às mesmas.
Segundo o levantamento - conduzido entre uma amostra representativa de 1.271 norte-americanos com mais de 18 anos-, essa violência afeta desproporcionalmente cidadãos negros e hispânicos.