18 abr, 2023 - 19:32 • Inês Braga Sampaio
A Justiça russa rejeitou, esta terça-feira, o recurso do jornalista norte-americano que se encontra detido por acusação de espionagem.
A equipa legal de Evan Gershkovich tentou libertá-lo sob fiança de 50 milhões de rublos (cerca de 557 mil euros, à taxa de conversão atual) ou colocá-lo em prisão domiciliária, contudo, o tribunal recusou.
O repórter do "The Wall Street Journal" compareceu pessoalmente em tribunal, em camisa azul e calças de ganga. Foi a primeira aparição desde que foi detido em Yekaterinburg, nos Urais, no final de março.
Gershkovich, de 31 anos, continuará detido preventivamente, numa antiga prisão do KGB, pelo menos até 29 de maio. O jornalista norte-americano arrisca uma pena de 20 anos de prisão efetiva.
A Rússia alega que Gershkovich estava a tentar obter informação secreta de Defesa para o governo norte-americano, algo que o repórter desmente "categoricamente". Gershkovich garante que as suas atividades em solo russo eram puramente jornalísticas, segundo relata a agência russa TASS, citando uma fonte anónima das forças de segurança.
Os Estados Unidos da América e o "Wall Street Journal" rejeitam as acusações de espionagem e apelam ao Kremlin para que liberte Evan Gershkovich, que é um cidadão norte-americano de origem russa.
A detenção do jornalista tem como pano de fundo o aumento da repressão da imprensa na Rússia desde a ofensiva contra a Ucrânia, o que tem dificultado as relações entre Moscovo e Washington.
Segue-se também a uma troca, em dezembro, entre a campeã olímpica de basquetebol norte-americana Brittney Griner, que se encontrava detida na Rússia, e o traficante de armas russo Viktor Bout, também conhecido por "Mercador da Morte", que estava na prisão nos EUA.
Evan Gershkovich é o primeiro jornalista norte-americano que Moscovo acusa de espionagem desde a queda da União Soviética.