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Austrália planeia revisão da estratégia de Defesa face a ascensão da China

24 abr, 2023 - 09:16 • Lusa

Trata-se da revisão mais significativa da estratégia de Defesa da Austrália desde a Segunda Guerra Mundial, apontou o primeiro-ministro, destacando a abrangência do projeto.

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O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese disse que o Governo encomendou a revisão para avaliar se a Austrália tem as capacidades de defesa, postura e preparação necessárias para se defender no atual cenário geoestratégico

A Austrália deve gastar mais dinheiro na Defesa, fabricar as suas próprias munições e desenvolver capacidades para atingir alvos de longo alcance, face ao “reforço militar” da China, destacou hoje uma revisão encomendada por Camberra.

A Revisão Estratégica da Defesa apoia ainda a parceria ‘AUKUS’, entre Austrália, Estados Unidos e Reino Unido, que, em março passado, anunciou um acordo para criar uma frota australiana de oito submarinos movidos a tecnologia nuclear norte-americana.

“Apoiamos a direção estratégica e as principais conclusões estabelecidas na revisão, que vão reforçar a nossa segurança nacional e garantir a nossa prontidão para desafios futuros”, disse Anthony Albanese.

Trata-se da revisão mais significativa da estratégia de Defesa da Austrália desde a Segunda Guerra Mundial, apontou o primeiro-ministro, destacando a abrangência do projeto.

“Isto demonstra que, num mundo onde os desafios à nossa segurança nacional estão sempre em evolução, não podemos cair em suposições antigas”, acrescentou.

A versão pública da revisão, cujo conteúdo completo é classificado, recomendou que o governo da Austrália gaste mais na Defesa, melhore as capacidades da Força de Defesa Australiana de atingir alvos com precisão a distâncias mais longas e desenvolva a produção doméstica de munições.

Os gastos atuais da Austrália com o exército ascendem a 2% do PIB (Produto Interno Bruto).

Outras recomendações incluem o reforço da capacidade da Força de Defesa de operar a partir das bases do norte da Austrália e o aprofundamento das parcerias de Defesa com os principais parceiros na região do Indo-Pacífico, incluindo Índia e Japão.

“O reforço militar da China é atualmente o maior e mais ambicioso de qualquer país”, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, lê-se na revisão.

Circunstâncias estratégicas são “radicalmente diferentes”

A modernização militar empreendida por Pequim “está a ocorrer sem transparência ou garantias para a região do Indo-Pacífico das intenções estratégicas da China”, advertiu o documento.

As circunstâncias estratégicas são “radicalmente diferentes” das do passado, esclareceu a revisão, da autoria do ex-chefe da Força de Defesa Australiana Angus Houston e do ex-ministro da Defesa Stephen Smith.

Os Estados Unidos, o parceiro do tratado de Defesa mais importante da Austrália, “não são mais o líder unipolar do Indo-Pacífico”, uma região onde a competição estratégica entre grandes potências retornou, afirmou.

“Como consequência, pela primeira vez em 80 anos, devemos rever os fundamentos (…) para evitar o mais alto nível de risco estratégico que agora enfrentamos como nação: a perspetiva de um grande conflito na região que ameace diretamente o nosso interesse nacional”, lê-se na revisão.

O ministro da Indústria da Defesa, Pat Conroy, disse que, como parte das novas prioridades, um pedido de veículos de combate de infantaria foi reduzido de 450 para 129. A poupança com os gastos nesses veículos e o cancelamento de um segundo regimento de artilharia automotora financiariam o reforço do HIMARS (Sistemas de Foguetes de Artilharia de Grande Mobilidade), que se revelou eficaz na guerra na Ucrânia.

O alcance máximo das armas do Exército vai ser assim estendido de 40 quilómetros para mais de 300 quilómetros e, com a aquisição de mísseis de ataque de precisão, para mais de 500 quilómetros, disse Conroy.

“Trata-se de dar ao Exército australiano o poder de fogo e a mobilidade de que precisa no futuro para enfrentar o que for necessário”, realçou.

Nas últimas cinco décadas, a política de Defesa da Austrália teve como objetivo dissuadir e responder a possíveis ameaças de baixo nível de países vizinhos de pequena ou média potência.

“Essa abordagem não é mais adequada ao propósito”, destacou o documento.

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