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Guerra na Ucrânia

Ataques, sabotagens e contraofensiva de Kiev põem Kremlin sob alerta

02 mai, 2023 - 19:46 • Lusa

O próprio líder do grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigojin, admite que a batalha por Bakhmut provoca uma média de 100 mortes por dia, indicando que a contraofensiva está para breve.

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Os últimos ataques e sabotagens em território russo e na Crimeia e os anúncios da contraofensiva iminente de Kiev aumentaram o nível de alerta na Rússia, a uma semana do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha.

“Estamos cientes de que o regime de Kiev está por detrás de uma série de ataques terroristas e planeia continuar as suas ações. Todos os nossos serviços especiais estão a fazer tudo o necessário para garantir a segurança e um trabalho intensivo está em andamento”, disse o porta-voz da Presidência russa, Dimitri Peskov.

As autoridades russas já fecharam a Praça Vermelha, onde será realizado o desfile por ocasião da vitória soviética sobre a Alemanha nazi em 1945.

Nos últimos dias, aumentaram ataques e sabotagens nas regiões russas e na Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo à Ucrânia em 2014.

Na madrugada de sábado, um ataque com um ‘drone’ provocou um incêndio num tanque de combustível no porto de Sebastopol, base da Frota do Mar Negro, descrito pela Ucrânia como “castigo de Deus” pela morte de mais de 20 civis na cidade? ?de Umán na última sexta-feira.

Na segunda-feira, dez vagões de um comboio com destino à Bielorrússia descarrilaram na região de Briansk, na Rússia, na fronteira com a Ucrânia, devido a um dispositivo que explodiu nos carris da ferrovia.

No mesmo dia, na região de São Petersburgo, foi aberta uma investigação por suspeita de sabotagem na explosão de um poste de alta tensão.

Por questões de segurança, os desfiles militares russos nas regiões de Kursk e Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, bem como na Crimeia e Sebastopol foram cancelados, mas o Kremlin decidiu manter o de Moscovo.

A Rússia tem tido escassos progressos no campo de batalha na Ucrânia desde janeiro em Soledar, sendo Bakhmut a principal frente há largos meses, com elevadas baixas de ambas as partes.

O próprio líder do grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigojin, admite que a batalha por Bakhmut provoca uma média de 100 mortes por dia, indicando que a contraofensiva está para breve.

“O Exército ucraniano está pronto para uma contraofensiva. Foi retardada pelo mau tempo e talvez por alguns problemas internos que precisavam resolver. Talvez em 9 de maio eles nos deem algum alívio, mas em 15 de maio a ofensiva será a 100%”, disse Prigojin.

Nem a Rússia nem a Ucrânia divulgam números dos seus soldados mortos.

A Casa Branca disse no domingo que 20 mil soldados russos foram mortos na Ucrânia desde dezembro, metade dos quais mercenários, e 80 mil ficaram feridos.

O Kremlin qualificou estes números de “absolutamente fabricados”, apontando, por sua vez, que o Exército da Ucrânia “perdeu mais de 15.000 soldados” no último mês de combates, “apesar da ajuda militar sem precedentes” por parte dos aliados de Kiev.

O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse que “está tudo pronto” para a contraofensiva e que agora só depende do Estado-Maior, do comandante em chefe, Volodymyr Zelensky, e da sua equipa determinar “como, onde e quando” iniciarão a operação, e que será “grande importância” a continuidade do apoio dos parceiros ocidentais.

Segundo o ‘site’ independente Meduza, o Kremlin preparou um manual para os seus agentes de propaganda, no qual pede que não subestimem publicamente a contraofensiva ucraniana, no que pode ser interpretado como uma forma de preparar a população para eventuais sucessos de Kiev.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.709 civis mortos e 14.666 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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