03 mai, 2023 - 07:43 • Hugo Monteiro
A Amnistia Internacional (AI) diz que o trabalho de investigação jornalística é cada vez mais importante, num mundo em que "há uma pós-verdade" criada pela Inteligência Artificial.
Um quadro que representa novo perigo para a Liberdade de Imprensa. O diretor de campanhas da AI, Paulo Fontes, destaca que a "geração de imagens e textos" pelos novos mecanismos de Inteligência Artificial, criou um mundo em que "o trabalho jornalístico de fundo e de investigação criteriosa é mais importante do que nunca".
A propósito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a AI diz, no entanto, que este trabalho de investigação é condicionado "pelo sufoco da sustentabilidade financeira".
"Em Portugal, por exemplo, esta é uma das maiores ameaças. Ainda não há um modelo que seja capaz de lhe dar uma resposta. Os jornalistas ficam com muito pouco tempo para produzirem o seu trabalho e essa investigação profunda e criteriosa, como é a natureza do seu trabalho", sublinha Paulo Fontes.
O quadro da liberdade de imprensa piorou com a Guerra na Ucrânia, principalmente na Rússia, "com muitos casos de assédio, ameaças e agressões a jornalistas, muitos deles detidos ou forçados a exílio, e também com o bloqueio de sites noticiosos críticos".
Em Portugal, a Amnistia Internacional destaca o facto de a Organização Não Governamental Repórteres Sem Fronteiras assinalar que no país "a liberdade de imprensa é firme, com os jornalistas a poderem desempenhar a sua função sem restrições", embora "alguns enfrentem ameaças de grupos extremistas", lembra Paulo Fontes.
"Mas são pontuais" os casos de "agressões verbais e físicas" aos profissionais da comunicação social, diz este responsável da AI.
Paulo Fontes alerta, no entanto, para uma nova ameaça: "Portugal é um dos países que tem mais condenações do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos por sentenças erradas por difamação e abuso da liberdade de imprensa que são decretadas por vários tribunais portugueses contra jornalistas.
E esta é também uma forma de alguma restrição da liberdade de imprensa, colocando sobre os jornalistas uma cortina de potencial receio de processos judiciais por difamação e que não deveria ter a conivência das estâncias da Justiça nacional", conclui Paulo Fontes, em declarações à Renascença.