03 mai, 2023 - 15:48 • Lusa
"Nunca me pediram o certificado de vacinação em lugar nenhum e não há adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso", disse Bolsonaro a repórteres em frente à sua residência em Brasília, após o local ter sido alvo de buscas da Polícia Federal.
"Não tomei a vacina e foi uma decisão minha", insistiu Bolsonaro, que durante o mandato (2019-2022) foi um dos líderes mundiais que mais negou a gravidade da pandemia e até manteve campanhas permanentes e duras contra a vacinação.
O líder da extrema-direita brasileira sustentou que a sua filha Laura, de 12 anos, também não tomou a vacina e destacou que apenas a sua esposa, Michelle Bolsonaro, foi vacinada em setembro de 2021 nos Estados Unidos, quando o acompanhou à reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Bolsonaro disse ter ficado surpreendido com a operação policial, no âmbito da qual foi apreendido o seu telemóvel e foram detidos seis dos seus colaboradores mais próximos, que o acompanham desde que esteve no Governo.
Segundo a Polícia Federal, suspeita-se que os dados de vacinação do ex-presidente, de vários dos seus familiares e assessores teriam sido manipulados para conseguirem entrar nos Estados Unidos numa época em que os certificados de vacinação eram exigidos pelas autoridades daquele país.
Os dados teriam sido manipulados diretamente nos sistemas do Ministério da Saúde, através de acessos ilegais realizados por duas vezes: em novembro de 2021 e dezembro de 2022.
Neste último caso, teria sido antes de Bolsonaro, ainda na condição de Presidente, viajar para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro, dois dias antes da posse do atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem recusou entregar a faixa presidencial.
Enquanto estava no Governo, Bolsonaro negou a gravidade da pandemia, que provocou mais de 700 mil mortes e quase 38 milhões de infeções no país.
O ex-presidente havia sido intimado pela Polícia Federal para depor esta quarta-feira, após as buscas na sua residência, mas os seus advogados conseguiram um adiamento, alegando que ainda não tiveram acesso ao processo.
Bolsonaro responde numa dezena de processos perante tribunais de primeira instância por questões relacionadas com supostos abusos de poder político e económico, bem como em cinco processos no Supremo Tribunal Federal, e em outros que tramitam na Justiça eleitoral.