11 mai, 2023 - 10:05 • Pedro Valente Lima
Volodymyr Zelensky diz que a Ucrânia precisa "de um pouco mais de tempo" para lançar uma contra-ofensiva sobre as forças da Rússia no país.
Em entrevista à Eurovision News, publicada pela BBC, o Presidente ucraniano salienta que os combatentes do país estão "prontos", mas que ainda precisavam de "algumas coisas", nomeadamente equipamento e veículos de guerra, que diz estarem a "chegar em tranches".
"Com [o que já temos] podemos avançar e, creio eu, termos sucesso. Mas perderíamos muitas pessoas. Acho que isso é inaceitável. Portanto, precisamos de esperar. Ainda precisamos de um pouco mais de tempo."
Segundo a BBC, a ansiada contra-ofensiva ucraniana também tem esbarrado nas expectativas de sucesso das forças armadas do país, sobretudo à luz da perceção internacional. Apesar da confiança de Zelensky, Kiev que qualquer resultado menos positivo provoque uma contração dos apoios do Ocidente.
À estação de televisão britânica, um representante do Governo ucraniano, sob a condição de anonimato, revela que as cúpulas do poder político e militar do país "sabem que precisam de ter êxito" numa eventual contraofensiva, mas que a mesma campanha não pode ser vista como uma "bala de prata".
Ainda assim, o Presidente ucraniano expressa a necessidade da contraofensiva, para que a guerra não entre num estágio de "conflito congelado", algo que poderá estagnar ou até reduzir o apoio internacional e empurrar a Ucrânia para a mesa de negociações com a Rússia - que poderá envolver concessões das regiões ocupadas.
"Não podem pressionar a Ucrânia a ceder território. Porque é que qualquer país do mundo haveria de dar território a Putin?"
Para já, diz a BBC, não haverá quaisquer previsões de negociações de paz, com ambos os países a declararem que irão combater até à vitória. Kiev ainda chegou a propor novos termos para a paz, incluindo a devolução do território ocupado pela Rússia, o pagamento dos danos causados pelo conflito e ainda a criação de um tribunal especial para julgar os crimes de guerra russos - cláusulas que o Kremlin rejeitou.
Com novas eleições presidenciais nos EUA à porta, caso Biden falhe a reeleição para a Casa Branca, Zelensky não receia perder o apoio de Washington. O Presidente ucraniano salienta que o país desfruta do apoio dos dois maiores partidos norte-americanos - Democratas e Republicanos - e ainda questiona a situação do conflito nesse cenário, em 2024.
"Quem sabe onde estaremos [aquando das eleições]? Eu acredito que nessa altura [já] teremos vencido [a guerra]."
Já sobre o aparente ataque com drone ao Kremlin, o líder ucraniano diz acreditar tratar-se de uma operação de 'cosmética' levada a cabo pela própria Rússia, de maneira a arranjar "desculpas" para a invasão à Ucrânia.
"Eles estão constantemente à procura de algo que se pareça com uma justificação, dizendo: 'Tu fizeste-nos isso, portanto nós vamos fazer-te isto'. Mas não funcionou. Mesmo para o seu público em casa, não funcionou. Até os seus propagandistas não acreditaram, porque pareceu bastante artificial."
Relativamente às sanções económicas impostas a Moscovo, o Presidente realça que, embora a Rússia tenha conseguido contornar parte das dificuldades, os castigos têm surtido o efeito pretendido: "Eles ainda têm muita coisa nos armazéns, [mas] já reparámos que reduziram os bombardeamentos por dia em algumas áreas".