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Ciclone provoca 60 mortos em Myanmar

16 mai, 2023 - 17:05 • Lusa

"Haverá mais mortes, porque mais de 100 pessoas estão desaparecidas", avisou Karlo, um chefe de Bu Ma.

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Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: Nyunt Win/EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: Nyunt Win/EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: Nyunt Win/EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: Nyunt Win/EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: Nyunt Win/EPA
Ciclone Mocha em Myanmar. Foto: Nyunt Win/EPA

A passagem do ciclone "Mocha" por Myanmar (antiga Birmânia), no domingo, provocou pelo menos 60 mortos, disseram esta terça-feira autoridades regionais e meios de comunicação apoiados pela junta militar no poder.

Com ventos de até 195 quilómetros por hora, o "Mocha" passou entre Sittwe, a capital do estado birmanês de Rakhine, e Cox's Bazar, no vizinho Bangladesh, onde existem campos para a minoria muçulmana rohingya, que fugiu da violência do exército de Myanmar.

Vinte e quatro pessoas morreram em Khaung Doke Kar e 17 em Bu Ma, perto de Sittwe, disseram as autoridades locais e residentes à agência francesa AFP.

"Haverá mais mortes, porque mais de 100 pessoas estão desaparecidas", avisou Karlo, um chefe de Bu Ma.

Treze pessoas morreram quando um mosteiro ruiu no município de Rathedaung, a norte de Sittwe, e uma mulher morreu num município vizinho, informou hoje a emissora estatal MRTV.

A última contagem da junta militar, divulgada na segunda-feira, era de cinco mortos e um número não especificado de feridos, segundo a AFP.

O "Mocha", considerado a maior tempestade em mais de uma década na região, também devastou aldeias e campos de deslocados rohingya no estado de Rakhine.

As comunicações estavam a ser lentamente restabelecidas hoje em Sittwe, onde vivem cerca de 150.000 pessoas, à medida que as estradas eram desobstruídas e a Internet restabelecida, relataram jornalistas da AFP.

A China afirmou estar "pronta a fornecer ajuda de emergência em caso de catástrofe", de acordo com uma declaração publicada pela embaixada chinesa em Myanmar na rede social Facebook.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse que estava a tentar confirmar informações sobre vítimas nos campos dos rohingya "para obter uma imagem mais clara da situação".

Embora estejam em Myanmar há gerações, a maioria dos rohingya não tem acesso à cidadania, aos cuidados de saúde ou à educação no país de maioria budista.

O país do Sudeste Asiático é governado pelos militares desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2021, que derrubou o governo eleito de Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da paz de 1991.

No Bangladesh, os danos nos campos de refugiados rohingya, onde cerca de um milhão de pessoas vivem em 190.000 abrigos de bambu e lona, foram mínimos, segundo as autoridades.

Num apelo urgente, a ONU disse, no entanto, que "milhares de pessoas necessitam desesperadamente de ajuda".

Fotos publicadas pelos meios de comunicação estatais birmaneses mostraram ajuda destinada ao estado de Rakhine a ser carregada num navio em Rangum, mas os rohingya disseram que ainda não a receberam.

"Nenhum governo, nenhuma organização veio à nossa aldeia", disse à AFP Kyaw Swar Win, 38 anos, residente em Bu Ma.

"Não comemos há dois dias (...), não recebemos nada e ninguém veio ver como estávamos", acrescentou.

De acordo com a ClimateAnalytics, o aumento das temperaturas induzido pelas alterações climáticas pode ter contribuído para a intensidade do "Mocha".

"Os oceanos mais quentes permitem que as tempestades ganhem força rapidamente, com consequências devastadoras para as pessoas", disse Peter Pfleiderer, membro da organização, à AFP.

Em 2008, o ciclone "Nargis" devastou o delta do Irrawaddy em Myanmar e matou 138 mil pessoas.

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