01 jun, 2023 - 20:40 • Lusa
O governo britânico recusou-se esta quinta-feira a fornecer documentos solicitados pelo inquérito público sobre a gestão da pandemia covid-19, indicando que pretende recorrer aos tribunais.
A presidente do inquérito, a antiga juíza Heather Hallett, tinha dado ao governo até hoje à tarde para entregar todos os documentos solicitados, mas o Executivo não cumpriu.
Uma hora depois do fim do prazo, o governo indicou que pediu autorização para dar início a uma ação judicial para perceber se "o inquérito tem o poder de exigir documentos e mensagens que não estão inequivocamente relacionados com o trabalho do inquérito, incluindo comunicações pessoais e assuntos não relacionados com a gestão governamental da covid".
Em causa está o acesso à troca de mensagens entre o antigo primeiro-ministro Boris Johnson e vários responsáveis políticos e de saúde, nomeadamente mensagens de Whatsapp, diários e cadernos de notas.
Boris Johnson, que foi forçado a demitir-se no verão passado, anunciou na quarta-feira que tinha entregado os ficheiros solicitados ao Governo e apelou que estes fossem entregues ao inquérito "com urgência".
No entanto, o governo considera que a exigência de tais documentos levanta "importantes questões de princípio" e afeta "a boa conduta do governo".
"Os indivíduos, os funcionários públicos, os atuais e antigos ministros e os departamentos não devem ser obrigados a fornecer material que não seja relevante para o trabalho do inquérito", argumentou.
Em risco, vincou, está "uma intromissão injustificada noutros aspetos do trabalho do governo" e uma invasão da "privacidade".
Boris Johnson foi criticado por não ter levado a ameaça suficientemente a sério no início da pandemia e as festas realizadas na residência oficial, em 2020 e 2021, enquanto os britânicos estavam confinados às suas casas provocaram um escândalo.
A controvérsia do "partygate" voltou a assombrar Boris Johnson depois de o governo ter passado à polícia novas provas de possíveis violações das restrições durante a pandemia.
O antigo primeiro-ministro descreveu as acusações como "totalmente absurdas" e afirmou ter cooperado "plenamente" com a investigação desde o início.