08 jun, 2023 - 04:20 • Marisa Gonçalves , João Cunha com Lusa
A comissão NATO-Ucrânia reúne esta quinta-feira para discutir a explosão e a consequente destruição parcial da barragem ucraniana de Kakhovka (sul) que já obrigou a retirada de milhares de pessoas devido às inundações registadas na zona.
A reunião foi anunciada na quarta-feira pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que confirmou na mesma ocasião a participação, por meios virtuais, do ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba.
Cerca de 5.900 pessoas foram retiradas das zonas inundadas, segundo a última atualização das autoridades ucranianas e russas.
O jornal Kiev Independent cita o autarca exilado de Oleshky, na região de Kherson, que informa que três pessoas morreram, na sequência das inundações.
Na sua habitual comunicação noturna, o Presidente ucraniano disse ser impossível prever o número de vítimas e apelou a ajuda humanitária.
“O que é necessário agora é uma resposta clara e rápida do mundo àquilo que está a acontecer. É mesmo impossível determinar quantas pessoas, no território temporariamente ocupado da região de Kherson, poderão morrer sem socorro, sem água potável, sem alimentos e sem cuidados medicos”, declarou.
Volodymyr Zelensky instou, em concreto, o apoio das organizações internacionais humanitárias, referindo que os militares e os serviços de socorro ucranianos “estão a salvar o maior número possível de pessoas, apesar dos bombardeamentos”, acrescentando que "são necessários esforços em larga escala”.
Precisamos que organizações internacionais, como o Comité Internacional da Cruz Vermelha, se juntem imediatamente às operações de resgate”, sublinhou.
A barragem de Kakhovka situa-se na região de Kherson, anexada pela Rússia, mas as forças ucranianas controlam a parte situada na margem direita do rio Dniepre e as tropas russas a margem esquerda.
A Ucrânia acusa a Rússia de a ter feito explodir a barragem, no entanto, Moscovo devolve as acusações.
Guerra na Ucrânia
Chefe da Administração Militar Regional da região (...)
Para Francisco Ferreira, presidente da Associação Ambientalista Zero, o impacto ambiental que se pode esperar é "avassalador", "para além dos dramáticos danos materiais e pessoais da zonas alagadas."
Francisco Ferreira admite haver igualmente consequências no Mar Negro, "com muitos dos sedimentos a serem arrastados". "Agora temos realmente uma dimensão ambiental muito maior naquilo que é o sul da Ucrânia afetada pela destruição desta barragem", diz.
Para além da Ucrânia, também a Europa vai sentir os efeitos deste ataque, "quer do ponto de vista económico e do ponto de vista ambiental, porque efetivamente as zonas irrigadas correm um sério risco de ser tornarem potenciais desertos", explica o presidente da Zero.