09 jun, 2023 - 19:08 • Redação, com agências
Após três anos do padrão climático La Niña, que frequentemente faz baixar ligeiramente as temperaturas globais, o El Niño, mais quente, está de volta, de acordo com um aviso emitido na quinta-feira pelo Centro de Previsão Climática da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.
O que é o El Niño? "Trata-se do aquecimento anómalo das águas superficiais do setor centro-leste do Oceano Pacífico, predominantemente na sua faixa equatorial. O El-Niño é um fenómeno oceano-atmosférico que afeta o clima regional e global, e que afeta a circulação geral da atmosfera", refere o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O fenómeno climático "é responsável por anos considerados secos ou muito secos. O El-Niño é caracterizado por variações na atmosfera sobre a região de águas aquecidas. Ocorre em intervalos médios de quatro anos e persiste de seis a 15 meses", adianta o IPMA.
O fenómeno meteorológico fará provavelmente de 2024 o ano mais quente já registado. Alguns cientistas preveem que ganhe uma força moderada até ao final deste ano, existindo ainda a possibilidade de este evento se traduzir num aumento da temperatura média na ordem dos dois graus Celsius.
Estudo Clima
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Em declarações à comunicação social, a cientista climática da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla inglesa), Michelle L'Heureux, afirmou que, "dependendo da sua força, o El Niño pode causar uma série de impactos, como aumentar o risco de chuvas fortes e períodos de seca em determinados locais do mundo".
Michelle L'Heureux acrescenta que "as alterações climáticas podem exacerbar impactos relacionados com o El Niño. Por exemplo, pode provocar novos recordes de temperatura, principalmente em áreas que já estão sob temperaturas acima da média", acrescentou.
Os investigadores acreditam que o fenómeno é acompanhado pelo deslocamento de massas de ar pelo globo, provocando alterações do clima em todo o mundo, como os verões excecionalmente quentes na Europa ou as secas em África.
El Niño nasce de águas invulgarmente quentes no Pacífico oriental, perto da costa da América do Sul, e além de um aumento de temperatura das águas, o fenómeno poderá manifestar-se através de secas, ciclones, ondas de calor e incêndios.
Pode também trazer ciclones tropicais nas vulneráveis ilhas do Pacífico e chuvas fortes na América do Sul, provocando geralmente condições mais secas na Austrália e no Sudeste Asiático.