13 jun, 2023 - 10:15 • António Fernandes , Olímpia Mairos
Mais de dois anos depois de ter sido anunciado, o inquérito sobre a gestão da pandemia de Covid-19 no Reino Unido vai realizar a primeira audição pública completa, esta terça-feira.
Embora já haja algum trabalho de investigação, a partir de agora serão realizadas sessões públicas com testemunhas que vão desde o chefe científico do Governo a cidadãos que queiram partilhar a sua história. No fundo, trata-se de investigar a forma como o Governo, então liderado por Boris Johnson, lidou com a pandemia.
O inquérito independente foi pedido pelo próprio Boris Johnson e não há ainda uma data estabelecida para a sua conclusão, mas, neste momento, sabe-se que as sessões podem continuar até 2026.
O inquérito não tem qualquer poder criminal, limitando-se apenas a dar ao Governo as suas recomendações e conclusões sobre a forma como se lidou com a pandemia e como o país está também preparado para a pandemia.
Entre outras coisas, vai começar por olhar, para comparar, como estava o Reino Unido, até sabendo que, por exemplo, no início da pandemia, os hospitais tinham falta de equipamentos de proteção individual para o staff médico.
E há outros elementos que também vão estar no centro do debate, como, por exemplo, o atraso em responder inicialmente à pandemia.
Recorde-se que o Reino Unido entrou em confinamento um mês depois de Itália e uma semana depois de Portugal.
A própria conduta do Governo também vai ser analisada, olhando, claro, para o famoso “partygate” em que o Governo quebrou vezes sem conta as suas próprias regras com festas na residência oficial do então primeiro-ministro Boris Johnson, numa altura em que as pessoas não podiam sair de casa.
Central na investigação serão as comunicações internas do Governo e, por isso, a comissão pediu acesso às mensagens do WhatsApp entre o ex-primeiro-ministro e 40 outras pessoas, incluindo o atual primeiro-ministro Rishi Sunak.
No entanto, o Governo recusou a disponibilização das mensagens e lançou uma ação em tribunal contra esse pedido. Já Boris Johnson diz que está perfeitamente satisfeito em partilhar as mensagens, lamentando que só estão disponíveis mensagens a partir de maio de 2021, altura em já tinha dado início ao inquérito porque o telemóvel que usava no início da pandemia está inacessível por questões de segurança.
Mais de 200 mil pessoas morreram no Reino Unido, depois de terem testado positivo à Covid-19, um dos números mais elevados da Europa, e as decisões do Governo britânico, então liderado pelo conservador Boris Johnson, têm sido objeto de um forte debate.