Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

ONU aponta para novo recorde de 110 milhões de deslocados à força

14 jun, 2023 - 09:37 • Lusa

Trata-se do "maior aumento de sempre", garante o organismo.

A+ / A-

O número de deslocados forçados alcançou até maio deste ano 110 milhões, disse esta quarta-feira a ONU, que aponta os conflitos na Ucrânia e no Sudão como fatores que contribuíram para o "maior aumento de sempre".

O relatório Tendências Globais do Deslocamento Forçado em 2022, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), já indicava que, no final do ano passado, o número de pessoas deslocadas pela guerra, perseguição, violência e violação dos direitos humanos atingira um recorde de 108,4 milhões, mais 19,1 milhões do que no ano anterior.

A invasão russa da Ucrânia, juntamente com outros conflitos e alterações climáticas, fez com que, no ano passado, "mais pessoas do que nunca tenham permanecido longe das suas casas, aumentando a urgência de uma ação coletiva e imediata para aliviar as causas e o impacto do deslocamento", continuou.

A trajetória ascendente do deslocamento forçado a nível global não mostrou sinais de um abrandamento este ano, sublinhou o ACNUR, referindo que "novos fluxos" decorrentes do conflito do Sudão vieram elevar o valor para 110 milhões de deslocados até maio.

"Estes números mostram-nos que algumas pessoas recorrem demasiado rápido ao conflito e são muito lentas a encontrar soluções. A consequência é devastação, deslocamento e angústia para as milhões de pessoas que são arrancadas de casa de forma forçada", disse, citado pelo comunicado, o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi.

Deste total, explicou a agência da ONU, 35,3 milhões são refugiados, ou seja, pessoas que atravessam as fronteiras internacionais para procurar segurança, enquanto 50% - 62,5 milhões de pessoas - tornaram-se deslocadas nos próprios países devido ao conflito e à violência.

A guerra na Ucrânia foi o principal impulsionador do deslocamento em 2022. O número de refugiados do país aumentou de 27.300, no final de 2021, para 5,7 milhões, no final de 2022, "representando o mais rápido fluxo de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial", ainda de acordo com o ACNUR.

"As estimativas do número de refugiados do Afeganistão também eram significativamente superiores no final de 2022, devido à revisão das estimativas dos afegãos acolhidos no Irão, sendo que muitos destes chegaram nos anos anteriores", acrescentou.

Por outro lado, o ACNUR sublinhou que, no ano que passou, o financiamento para as diferentes situações de deslocamento e para apoiar os anfitriões "ficou aquém do necessário", e "permanece lento em 2023".

"As pessoas em todo o mundo continuam a mostrar uma hospitalidade extraordinária para com os refugiados, ao oferecerem proteção e ajuda", acrescentou Grandi, notando, porém, que "é preciso muito mais apoio internacional e partilha de responsabilidade, sobretudo com os países que recebem a maior parte dos deslocados do mundo".

Em 2022, referiu o documento, mais de 339 mil refugiados regressaram a 38 países e, apesar de os números serem inferiores aos valores dos anos anteriores, houve regressos voluntários significativos em países como Camarões, Costa do Marfim, Síria e Sudão do Sul. Entretanto, 5,7 milhões de deslocados internos regressaram a casa em 2022, sobretudo em Moçambique, Myanmar (antiga Birmânia), Etiópia, Síria e República Democrática do Congo.

No final de 2022, um número estimado de 4,4 milhões de pessoas eram apátridas ou tinham nacionalidade indeterminada, representando mais 2% do que no final de 2021, concluiu o comunicado.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • E dizem que são os
    15 jun, 2023 Melhores 08:17
    Sobre armas nucleares estacionadas na Bielorrússia, nem um artigo. Sobre a recusa da chantagista Turquia à entrada da Suécia, e o correspondente embargo de venda de material militar dos EUA, nem uma palavra. Este site está cada vez mais desinteressante

Destaques V+