14 jun, 2023 - 15:02 • Lusa
O terrorismo continua a representar uma séria ameaça na União Europeia (UE), segundo um relatório da Europol divulgado esta quarta-feira, acrescentando ainda que 28 atentados foram registados e quatro pessoas morreram nestes ataques em 2022.
De acordo com o Relatório de Situação e Tendências do Terrorismo na União Europeia 2023 (TE-SAT) da Europol, o terrorismo continua a representar uma séria ameaça nos países do bloco europeu no ano passado houve 28 ataques concluídos, fracassados ou frustrados.
Entre estes ataques, dezasseis foram concluídos e quatro pessoas perderam a vida, duas resultantes de atentados ‘jihadistas’ e duas num ataque terrorista de direita.
Dos dezasseis ataques, 13 foram realizados por membros da extrema-esquerda e anarquistas (13), dois por ‘jihadistas’ e um por elementos da extrema-direita.
O número total de ataques realizados, fracassados ou frustrados aumentou em relação a 2021 (18 atentados), mas foi inferior ao total de casos ocorridos em 2020 (56).
Os Estados-Membros da UE detiveram 380 pessoas por crimes relacionados ao terrorismo em 2022. A maioria das detenções foi realizada após investigações relacionadas ao terrorismo ‘jihadista’, nomeadamente em França (93), Espanha (46), Alemanha (30) e Bélgica (22).
Já os processos judiciais que aconteceram em 2022 resultaram em 427 condenações e absolvições por crimes terroristas.
Todos os processos judiciais relativos ao terrorismo de direita e de esquerda resultaram em condenações, enquanto a taxa de condenação por terrorismo ‘jihadista’ foi de 84 por cento e para o terrorismo separatista, 68%.
Em Portugal, as autoridades registaram em 2022 uma detenção e duas condenações, todas ligadas ao terrorismo 'jihadista'.
De acordo com o documento, os Estados-Membros da UE continuam a ver o terrorismo ‘jihadista’ como a ameaça mais proeminente na UE.
Atores solitários continuam a ser uma ameaça importante e a maioria dos ataques de 2022 foi feita por suspeitos que agiram sozinhos. Isto pode ser observado em todo o espetro, desde os ‘jihadistas’ ao extremismo de direita e de esquerda, segundo a Europol.
A Internet e a tecnologia continuaram a ser um facilitador essencial de propaganda, bem como de radicalização e recrutamento de indivíduos vulneráveis para o terrorismo e o extremismo violento.
Além das plataformas das redes sociais, aplicativos de mensagens, fóruns na internet e plataformas de videogames, as plataformas descentralizadas parecem ter ganhado popularidade nos círculos terroristas e extremistas violentos.
Outras tecnologias avançadas que se tornaram cada vez mais visíveis incluem a fabricação e uso de armas impressas em 3D, particularmente no cenário de direita, e a utilização por elementos terroristas de ativos virtuais, especialmente criptomoedas, para financiar suas atividades terroristas.
As teorias antissistema, teorias da conspiração e da oposição aos avanços tecnológicos parecem preencher cada vez mais o espaço entre as ideologias, fornecendo motivações para ações violentas.
As reações mais visíveis à guerra na Ucrânia surgiram nos primeiros meses da guerra, principalmente no espetro da extrema-direita, materializando-se em publicações na internet e um número limitado de extremistas de direita a viajar para se juntar ao campo de batalha.
Embora o interesse pela guerra neste meio pareça ter diminuído gradualmente ao longo de 2022, é provável que a desinformação relacionada ao conflito continue a alimentar narrativas terroristas e extremistas.
O relatório baseia-se em dados qualitativos e quantitativos fornecidos pelos Estados-Membros sobre ataques terroristas, detenções e decisões judiciais proferidas por crimes terroristas.
Os parceiros da Europol também forneceram informações e avaliações qualitativas para as conclusões do relatório.