25 jun, 2023 - 11:18 • Joana Azevedo Viana
As colmeias de abelhas melíferas dos EUA registaram no último ano a segunda pior taxa de mortalidade desde que há registos. Um estudo divulgado este fim de semana aponta que quase metade das colónias de abelhas no país desapareceram até ao final de março.
Apesar disto, aponta a Associated Press, os esforços hercúleos e dispendiosos para criar novas colónias de abelhas permitiram manter números relativamente positivos. De acordo com o inquérito das Universidades de Maryland e Auburn, apesar de 48% das colónias terem sido perdidas no último ano, o número de colónias de abelhas melíferas "permaneceu relativamente estável".
As abelhas que produzem mel são cruciais para as cadeias alimentares, sendo responsáveis por polinizar mais de 100 das colheitas de alimentos consumidos pelos humanos, incluindo de frutos secos, vegetais, bagas, citrinos e melões. Os cientistas indicam que uma combinação de parasitas, pesticidas e os efeitos da crise climática continuam a provocar enormes perdas nas colónias de abelhas.
A perda de quase 50% de colmeias marca um aumento face à perda de 39% no ano anterior e à média de 39,6% dos últimos 12 anos. Contudo, não é tão elevada quanto a que foi registada entre 2020 e 2021, em que a taxa de mortalidade das abelhas melíferas nos EUA atingiu os 50,8%.
O estudo foi financiado pelo grupo sem fins lucrativos Bee Informed Partnership e envolveu apicultores de todo o país, com três quintos a indicarem que registaram perdas superiores a 21%, o aceitável durante o período do inverno.
"Este é um número de perdas muito preocupante quando mantemos o mínimo de colónias suficientes para responder às necessidades de polinização nos EUA", indica Jeff Pettis, presidente da associação global de proteção de abelhas Apimondia, que também integrou o estudo -- cujos resultados "demonstram o duro trabalho dos agricultores para repor os números de colónias a cada ano".
"A situação não está realmente a ficar pior, mas também não está a melhorar", acrescenta Nathalie Steinhauer, investigadora da Universidade de Maryland que liderou o estudo. "Não estamos perante um apocalipse das abelhas."
A mesma ideia é transmitida por Jay Evans, entomologista do Departamento de Agricultura dos EUA, que não esteve envolvido neste estudo. Evans destaca que o prognóstico não é tão mau quanto há 15 anos, porque os apicultores têm aprendido a recuperar de grandes perdas.
"Existem certamente ameaças no ambiente e as abelhas melíferas têm persistido. Não penso que as abelhas melíferas venham a ficar extintas, mas penso que irão sempre enfrentar este tipo de desafios."