26 jun, 2023 - 16:46 • Diogo Camilo
O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) venceu as suas primeiras eleições no país, conquistando o distrito de Sonneberg, no estado da Turíngia, no ato eleitoral semelhante às autárquicas portuguesas.
Robert Sesselman, o candidato eleito da AfD, venceu com 52,8% dos votos, contra 47,2% do candidato da CDU, Jurgen Köpper.
Em reação ao resultado, o Conselho Central de Judeus na Alemanha diz-se “devastado”. “Para sermos claros, nem todos os que votaram pela AfD têm uma mentalidade extremista de extrema-direita”, afirmou o seu presidente, Josef Schuster, ao jornal Jüdische Allgemeine. “Mas o partido pelo qual o candidato foi eleito é extremista. Isto é um abrir de águas, que os poderes políticos neste país não podem simplesmente aceitar”.
Com 10 anos de existência, a AfD tem vindo a subir nas sondagens na Alemanha, aproveitando a onda de críticas à coligação do chanceler alemão, Olaf Scholz, do SPD, com os Verdes e o Partido Democrático Liberal (FPD), devido à elevada inflação e à imigração no país.
A investigação indica que a ex-deputada terá ligaç(...)
A AfD entrou pela primeira vez no Parlamento nacional em 2017, depois de ter feito uma forte campanha contra a migração, na sequência de um afluxo de refugiados à Europa nos anos anteriores. Ultimamente, tem-se manifestado contra o apoio alemão à Ucrânia.
Nas últimas eleições, em 2021, o partido conquistou cerca de 10% dos votos e mais de 80 lugares no Bundestag. Atualmente, as sondagens dão à AfD cerca de 19 a 20% dos votos, que planeia apontar um nome para chanceler tendo em vista as eleições federais de 2025.
O distrito onde o partido venceu, Sonneberg, tem cerca de 57 mil habitantes e é uma das regiões administrativas mais pequenas da Alemanha e um dos locais com menor participação eleitoral - a taxa de abstenção foi superior a 40%.
A secção regional do partido na Turíngia é dirigida por uma figura da ala mais radical, Björn Höcke, ligado à ala mais à direita do partido e recentemente acusado pelo Ministério Público por ter alegadamente utilizado, num discurso de 2021, um slogan usado pelas SA de Hitler. Em 2018, Höcke chamou o memorial do Holocausto, em Berlim, de “monumento da vergonha”.