24 jun, 2023 - 13:20 • Marta Pedreira Mixão
O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, anunciou que o seu exército privado tinha abandonado a Ucrânia, cruzando a fronteira na região do Rostov, uma cidade russa, a sul do país, e um dos pontos principais da invasão à Ucrânia. Prigozhin disse estar disposto a “ir até ao fim”, após apelar a uma rebelião contra o comando militar do país, que acusou de atacar os seus combatentes, num ataque com mísseis.
"Neste momento, atravessámos todos os pontos de fronteira... Os guardas fronteiriços cumprimentaram-nos e abraçaram os nossos combatentes. Agora estamos a entrar em Rostov", afirmou. "Se alguém se meter no nosso caminho, destruiremos tudo... Vamos em frente, vamos até ao fim!".
O líder do grupo paramilitar Wagner disse ter 25 mil soldados às suas ordens e prontos para morrer, instando os russos a juntarem-se a estes numa “marcha pela justiça”.
"Chegámos aqui, queremos receber o chefe do Estado-Maior e Shoigu", disse Prigozhin num dos vídeos, sentado entre dois generais russos de alta patente. "Se eles não vierem, ficaremos aqui, bloquearemos a cidade de Rostov e iremos para Moscovo".
Prigozhyn reclamou o controlo militar da cidade de Rostov e os paramilitares seguem, agora, em direção a Moscovo pela autoestrada M4, tendo já anunciado que tomaram as instalações militares em Voronezh, que fica exatamente a meio caminho entre Rostov e Moscovo.
Em vários clipes de áudio que começaram a ser divulgados na sexta-feira, Prigozhin afirmou que um ataque com mísseis russos tinha matado muitos dos seus combatentes, prometendo, por isso, "vingar-se" e "acabar com o mal trazido pela liderança militar do país".
As acusações de Prigozhin expõem as profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.
O líder do grupo Wagner já tinha afirmado que o Exército russo está a recuar em vários setores do sul e leste da Ucrânia, Kherson e Zaporijia, respetivamente, e em Bakhmut, contrariando as afirmações de Moscovo de que a contraofensiva de Kiev era um fracasso.
Segundo a Defesa britânica, "ao longo das próximas horas, a lealdade das forças de segurança da Rússia, da Guarda Nacional Russa, será a chave para deslindar como é que esta crise vai desenrolar-se".
[Em atualização.]
Roman Dobrokhotov é o fundador do jornal electróni(...)