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Guerra na Ucrânia

ONU: Rússia acusada de executar 77 civis na Ucrânia

27 jun, 2023 - 19:40 • Redação com Lusa

Nove em cada dez detidos denunciaram ter sido submetidos a atos de tortura e maus tratos, incluindo violência sexual, disse Matilda Bogner.

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Pelo menos 864 civis ucranianos, incluindo 94 mulheres e sete crianças, foram detidos de forma arbitrária pelas forças russas na Ucrânia, indica um relatório das Nações Unidas, que acusam a Rússia de executar 77 pessoas de forma sumária.

O relatório das Nações Unidas foi apresentado durante uma conferência de imprensa da dire Matilda Bogner, em Genebra, que dirige o Gabinete da ONU para os Direitos Humanos na Ucrânia.

Segundo a responsável, 91% dos casos de detenção denunciaram ter sido submetidos a atos de tortura e maus tratos, incluindo violência sexual.

O documento foi elaborado com ajuda da Missão de Investigação da ONU na Ucrânia e documenta 75 dos possíveis casos de detenções arbitrárias de civis por parte das forças de segurança da Ucrânia que manteve isoladas as pessoas com o intuito de obter informações.

O Gabinete da ONU dirigido pelo Alto Comissário Volker Turk refere que enquanto a Ucrânia colaborou com a instituição permitindo o acesso aos detidos - com exceção dos 87 marinheiros russos detidos na fronteira com a Roménia -, a Rússia não facilitou a investigação pelo que os "dados de ambos os lados não devem ser comparados".

No caso dos detidos pelas forças russas, a ONU indica que os civis "foram privados de liberdade".

Segundo a ONU, pelo menos 260 civis foram detidos por suposto delito de opinião, incluindo funcionários públicos, ativistas, trabalhadores de organizações humanitárias, líderes sociais, professores e sacerdotes.

Destas 260 pessoas, 221 (entre os quais um menos de idade) foram transferidos para centros de detenção ou deportados para o território da Federação Russa, uma prática que, recordou a ONU, é contrária à lei humanitária internacional.

Os detidos foram privados de liberdade em diversas localidades, incluindo Kiev, Kherson, Cracóvia, Zaporijia e Odessa e mantidos em centros na Ucrânia, Rússia e, pelo menos um na Bielorrússia.

Segundo o documento, as detenções eram sobretudo efetuadas por soldados ou funcionários dos serviços de informações e segurança (FSB), "geralmente em grande número e que se deslocavam em veículos militares, com (o rosto coberto por) passa-montanhas e armamento de guerra".

Os detidos foram transferidos de forma ilegal e transportados "com as mãos atadas e com os olhos vendados, em posição incómoda em camiões e veículos militares lotados".

"Durante a noite eram deixados ao ar livre, no chão, expostos ao frio e às hostilidades", frisa o documento da ONU.

Sobre as práticas de tortura descritas pelos civis aos investigadores da ONU, aqueles que foram detidos pelas forças russas referem "cortes e golpes com a introdução de objetos afiados por debaixo das unhas, afogamento simulado ("waterboarding"), electrocuções, exposição ao frio e calor extremos, privação de água e alimentos ou execuções simulados.

O documento refere pelo menos 36 casos de violência sexual a 25 homens e onze mulheres, incluindo violações, ameaças, descargas elétricas nos órgãos genitais e mamilos, ou nudez forçada.

Além das 77 execuções por parte dos invasores russos a civis (72 homens e cinco mulheres), o relatório denuncia a morte de outros dois detidos que não sobreviveram a torturas por não terem recebido tratamento médico.

Nos casos de detidos pelas forças ucranianas, 43 pessoas disseram que sofreram torturas e maus tratos, na maior parte dos casos em locais de detenção não oficiais.

O relatório sublinha que enquanto a Ucrânia "investigou alguns destes abusos" resultando em 23 condenações, não há notícia de que a Rússia tenha iniciado procedimentos legais.

O documento urge as partes (Rússia e Ucrânia) a não praticar abusos e a identificar os responsáveis que devem ser alvo de processos.

A investigação incluiu 70 visitas a centros de detenção e 1.136 entrevistas a detidos, familiares ou testemunhas.

Devido à falta de acesso ao território ocupado pelas forças russas, os dados foram obtidos a partir de contactos com parentese pessoas que foram postas em liberdade.

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