28 jun, 2023 - 07:14 • Lusa
O opositor russo Alexei Navalny, detido desde 2021, considerou na terça-feira que o motim do grupo paramilitar Wagner demonstra que o poder de Vladimir Putin constitui "uma ameaça para a Rússia".
"O regime de Putin é a maior ameaça para a Rússia (...) e é tão perigoso para o país que mesmo o seu inevitável colapso constitui uma ameaça de guerra civil", indicou Navalny no Twitter, na sua primeira reação desde a rebelião do grupo Wagner no passado fim de semana.
Desde a sua detenção na Rússia em janeiro de 2021 que Navanly transmite as suas mensagens aos advogados e que são de seguida publicadas na internet pela sua equipa.
"Não foi o ocidente ou a oposição quem abateu helicópteros russos sobre a Rússia. Não foi o FBK [a organização de Navalny] quem levou a Rússia à beira da guerra civil (...) foi Putin quem o fez pessoalmente", indicou Navalny, um dos mais destacados críticos do Kremlin.
O opositor acusou os apoiantes do poder russo de estarem "prontos a desencadear uma guerra de todos contra todos e qualquer momento", e apelou a uma transição pós-Putin que passaria por "eleições livres".
Ao contrário das afirmações do Kremlin, também assegurou que a população não apoiou Putin durante a rebelião do grupo paramilitar Wagner e que "não existiu unidade da nação em torno" do Presidente russo.
"Os ditadores e a usurpação do poder conduzem sempre à desordem, à fraqueza do Estado e ao caos", acrescentou.
O militante anticorrupção, que cumpre uma pena de nove anos de prisão por "fraude", enfrenta um novo processo em que arrisca 30 anos de prisão por "extremismo". Navalny considera estes casos de cariz político.
Segundo tem indicado, está privado de rádio na sua célula e desde 01 de junho que não pode falar com outros detidos, tendo apenas sido informado sobre o motim do Wagner pelos seus advogados durante uma audiência para o seu novo processo, que decorre à porta fechada.
Os mercenários do Grupo Wagner realizaram no fim de semana uma rebelião armada de 24 horas, liderada por Yevgeny Prigozhin, durante a qual tomaram a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e avançaram até 200 quilómetros da província de Moscovo.
A rebelião terminou com um acordo mediado pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que, segundo o Kremlin, estabelece que Prigozhin fique exilado na Bielorrússia, em troca de imunidade para si e para os seus mercenários.
Numa declaração à nação, transmitida pela televisão, Putin propôs aos mercenários a possibilidade de ficarem na Rússia e integrarem o exército, ou de partirem para a Bielorrússia.