30 jun, 2023 - 21:51 • Redação
A Austrália torna-se o primeiro país do mundo a legalizar o uso de substâncias psicadélicas para tratar alguns problemas de saúde mental.
Os psiquiatras autorizados podem agora prescrever MDMA a quem sofre de perturbações de stress pós-traumático e cogumelos mágicos para alguns tipos de depressão.
A medida não é consensual. Foi saudada por muitos cientistas e especialistas em saúde mental como uma mudança de paradigma, no entanto, outros dizem que foi demasiado precipitada e que não deve ser exagerada.
Os especialistas afirmam que existe o risco de o utilizador ter uma experiência desagradável enquanto está sob a influência de drogas. O tratamento pode ter o custo de dezenas de milhares de dólares.
No caso da MDMA, também conhecida como ecstasy, "a droga das festas", é uma droga sintética que atua como alucinogénio. Esta aumenta os níveis de energia e as experiências sensoriais do utilizador e distorce a sua noção do tempo.
Os cogumelos mágicos, que crescem naturalmente, também têm efeitos alucinogénios devido ao composto ativo psilocibina.
Psiquiatras e psicólogos alertam para a importânci(...)
Embora a Austrália seja o primeiro país do mundo a regulamentar estas drogas como medicamentos, estão a decorrer ensaios clínicos nos EUA, Canadá e Israel.
Os psiquiatras autorizados podem prescrever MDMA para a perturbação de stress pós-traumático (PTSD) e psilocibina para a depressão que tenha resistido a outros tratamentos, ao abrigo da nova regulamentação, que se tornou oficial na Austrália a 1 de julho.
Mike Musker, um investigador de saúde mental da Universidade do Sul da Austrália, defende o uso das substâncias psicadélicas, porém, sob um acompanhamento cuidadosamente monitorizado.
"No caso do MDMA, por exemplo, o paciente provavelmente faria três tratamentos ao longo de cinco a oito semanas. Cada tratamento duraria cerca de oito horas, com o terapeuta a acompanhar o doente durante todo o tempo.", disse à AFP.
Musker afirma também que os doentes não devem esperar uma cura milagrosa, dizendo ser essencial "ser muito cauteloso", para que os doentes "não revivam o trauma".
A verdade é que também há recetividade em relação a este novo tratamento e legalização. A professora Susan Rossell, neuropsicóloga cognitiva da Universidade de Swinburne, em Melbourne, é uma delas. Rossell defende que, "embora os psicadélicos tenham certamente potencial para uso terapêutico, a mudança foi demasiado rápida", disse à AFP.
"Quando se olha para as intervenções... para qualquer outro tipo de doença, seja ela cardiovascular ou cancro, não se consegue colocar um medicamento no mercado tão rapidamente como este foi feito", reforçou.