30 jun, 2023 - 16:47 • Redação com Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou não ver razão para prolongar o acordo de cereais que permite a sua exportação dos portos ucranianos no mar Negro. Serguei Lavrov argumenta que a iniciativa já não tem cariz humanitário, mas comercial.
"Não vejo que argumentos podem ter aqueles que querem prolongar a vigência desta iniciativa do mar Negro, porque, no que diz respeito aos cereais ucranianos, há muito tempo que se transformou numa iniciativa comercial", declarou Serguei Lavrov numa conferência de imprensa.
O chefe da diplomacia russa indicou que, desde que o acordo dos cereais está em vigor, têm mensalmente zarpado dos portos ucranianos dois navios para o Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU, com carregamentos para países necessitados, e cerca de 90 com fins comerciais.
Acrescentou também que, dos mais de 32,5 milhões de toneladas de cereais ucranianos exportados, só 2,5% foram para países necessitados, ao passo que 40% tiveram como destino a União Europeia (UE), 24% a China e 10% a Turquia.
Em maio, Moscovo aceitou prorrogar o acordo dos cereais apenas por dois meses, até 17 de julho, e condicionou a sua posterior participação nele ao cumprimento dos compromissos constantes do memorando Rússia-ONU.
Em causa está a religação do banco agrícola russo, Rosselkhoznadzor, ao sistema financeiro Swift, o fornecimento à Rússia de peças sobressalentes para maquinaria agrícola, o desbloqueio da logística de transportes e seguros, o arranque da exportação de amoníaco através da Ucrânia e o acesso aos bens russos congelados.
Lavrov afirmou que, até agora, não foi obtido qualquer progresso em relação a estas questões.
O ministro reiterou ainda que, em caso de o acordo dos cereais não ser prolongado, a Rússia fornecerá gratuitamente aos países necessitados igual ou maior quantidade de cereais que aquela que recebem ao abrigo da iniciativa do mar Negro.