02 jul, 2023 - 09:25 • Lusa com redação
Pelo menos 718 pessoas foram detidas e 45 polícias ficaram feridos na quinta noite consecutiva de distúrbios em França por causa da morte de um adolescente abatido na terça-feira pelas forças de segurança, indicou o Ministério do Interior francês este domingo.
Numa publicação na conta pessoal na rede social Twitter, o ministro do Interior gaulês, Gérard Darmanin, indicou que, apesar dos incidentes, a noite de sábado para domingo foi "mais calma" do que as anteriores, facto que, no seu entender, se deve a uma maior presença das forças de segurança nas ruas.
Às 8h00 locais deste domingo (7h00 em Lisboa), Darmanin atualizou os números, dando conta da detenção de 718 pessoas, quando no dia anterior, à mesma hora, tinham sido comunicadas 994. No entanto, ainda no sábado, pouco depois, esse número seria atualizado para 1.311.
Entre os incidentes registados na noite de sábado para domingo, reportou a agência noticiosa France-Presse (AFP), está um ataque à residência de um presidente de câmara de uma pequena cidade da região parisiense perpetrado por "desordeiros", que provocou ferimentos na mulher e num dos dois filhos menores.
Vincent Jeanbrun, presidente da Câmara Municipal de L'Haÿ-les-Roses, nos arredores de Paris, denunciou numa declaração publicada no Twitter "uma tentativa de assassínio indescritível e cobarde".
Por volta das 1h30 (0h30 de Lisboa), enquanto Jeanbrun se encontrava na Câmara Municipal, "tal como há três noites", para fazer face à violência urbana, os desordeiros "atiraram um veículo contra a sua casa antes de o incendiarem para incendiar a residência", onde a mulher e os dois filhos menores dormiam, declarou, num comunicado publicado no Twitter.
Segundo Jeanbrun, depois de alertado, foi ao tentar "proteger" a família e "escapar aos agressores" que a mulher e uma das crianças ficaram feridas. De acordo com a BBC, a mulher sofreu uma fratura na tíbia, "uma lesão francamente grave", dizem as autoridades francesas.
Entretanto, a polícia abriu um inquérito sobre a tentativa de assassínio, disse à AFP fonte judicial.
Segundo a fonte, os autores do crime incendiaram o veículo bem como o carro da família do presidente de Câmara, antes de serem dispersados pela polícia e pelos bombeiros, que "intervieram muito rapidamente".
"Hoje à noite foi atingido um novo nível de horror e de ignomínia [...]. Embora a minha prioridade hoje seja cuidar da minha família, a minha determinação em proteger e servir a República é maior do que nunca", disse o presidente da câmara desta cidade de mais de 30 mil habitantes, num comunicado.
A primeira-ministra de França, Elisabeth Borne, também já reagiu às "ações intoleráveis" contra a família de Jeabrun, prometendo que "os culpados serão perseguidos com a maior dureza", escreve o jornal Le Monde.
Em declarações à estação de televisão francesa BFMTV, a polícia de Paris também já anunciou um "reforço da proteção" ao autarca de L'Haÿ-les-Roses.
O ministro do Interior francês anunciou no sábado que seria mantida a mobilização de 45 mil polícias e guardas nacionais para enfrentar uma potencial noite de protestos e tumultos pela morte de Nahel M., um jovem de 17 anos que foi na passada terça-feira alvejado à queima-roupa por um polícia durante um controlo de trânsito.
As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado em Nanterre, nos arredores de Paris, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram centenas de pessoas.
[Notícia atualizada às 12h38 de 2 de julho de 2023]