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Cisjordânia

Israel lança operação contra campo de refugiados de Jenin, há pelo menos oito mortos

03 jul, 2023 - 13:21 • Joana Azevedo Viana com Lusa

Israelitas dizem ter deferido "duro golpe a organizações terroristas em Jenin", na Cisjordânia ocupada. Palestinianos falam em crime de guerra.

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O Estado de Israel lançou esta segunda-feira uma operação militar por ar e terra contra a cidade palestiniana de Jenin, em particular contra um campo de refugiados. As autoridades de saúde locais dizem que pelo menos oito pessoas já morreram e 50 ficaram feridas.

Numa das maiores operações da história recente contra a Palestina ocupada, Israel diz ter deferido "um duro golpe contra organizações terroristas em Jenin" apoiadas pelo Irão. Os palestinianos acusavam Telavive de cometer um crime de guerra ao atacar um campo de deslocados.

O Exército israelita, que tem levado a cabo ataques por drones e uma operação no terreno contra militantes palestinianos, diz que não há previsão para pôr fim a esta operação, com os media do país a indicarem que poderá durar vários dias.

Em 2002, durante a segunda Intifada palestiniana, as forças israelitas lançaram uma incursão em larga escala a Jenin; durante dez dias de intensos confrontos, pelo menos 52 palestinianos e 23 soldados israelitas perderama vida.

A operação em curso, que parece ser uma das maiores na Cisjordânia em anos, começou às primeiras horas da madrugada desta segunda-feira, quando o Exército israelita lançou um ataque com drone a um apartamento no centro do campo de refugiados de Jenin, onde cerca de 14 mil pessoas vivem em menos de meio quilómetro quadrado de área.

Recorde de presos administrativos

Israel mantém um recorde de 1.128 palestinianos sob detenção administrativa, sem acusações formais ou julgamento, o número mais elevado em duas décadas, denunciou hoje a organização de direitos humanos israelita HaMoked.

No total, 1.132 pessoas estão detidas nas prisões israelitas nesta situação classificada pela organização como ilegal, mas apenas quatro são israelitas, presos na semana passada após as violentas agressões de colonos contra povoações palestinianas na Cisjordânia ocupada, uma medida excecional entre israelitas.

A detenção administrativa é uma prática legal em Israel e muito criticada por organizações de direitos humanos, ao permitir uma detenção por tempo indefinido sem que seja iniciado um julgamento ou apresentadas acusações formais, para além da não-autorização do acesso às provas emitidas contra o detido.

A última vez que Israel manteve um elevado número de detidos administrativos nas suas prisões remonta a maio de 2003, em plena Segunda Intifada, quando pelo menos 1.140 palestinianos se encontravam nesta situação.

O número de pessoas em prisão administrativa aumentou constantemente durante o último ano e meio, e quando Israel promove sistematicamente incursões militares em bastiões palestinianos da Cisjordânia para prender suspeitos de ataques contra israelitas.

"Contra os palestinianos, Israel efetua um uso massivo do que deveria ser uma medida rara e excecional. Agora, o Governo também está a ampliar o uso da detenção administrativa contra os judeus israelitas", indicou Jessica Montell, diretora executiva da HaMoked, citada pela agência noticiosa EFE.

"Todo os presos administrativos devem ter um julgamento justo ou ser libertados", insistiu.

Israel argumenta que a detenção administrativa constitui uma ferramenta que contribui para manter "terroristas perigosos fora das ruas" e permite detê-los sem a divulgação de informações confidenciais. Pelo contrário, os críticos consideram que a medida nega aos presos o devido processo judicial.

As detenções são revogadas semestralmente por um tribunal militar, e os presos podem permanecer na prisão durante anos sob este mecanismo.

Em paralelo, uma investigação da Universidade de Nova Iorque, citada recentemente pelo diário israelita Haaretz, revela que o exército israelita não hesitou em recorrer por diversas ocasiões ao envenenamento de culturas e animais para expulsar os proprietários palestinianos e se apossar das suas terras para a construção de colonatos.

A investigação foi conduzida pelo Taub Center for Israel Studies da Universidade de Nova Iorque, que teve acesso a documentos de arquivo, entretanto tornados públicos.

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