04 jul, 2023 - 11:33 • Redação com Lusa
Milhares de palestinianos fugiram desde segunda-feira do campo de refugiados de Jenin, palco daquela que está a ser classificada como a maior operação militar de Israel na Cisjordânia ocupada nos últimos 20 anos.
A informação foi avançada esta terça-feira pelo vice-governador de Jenin, horas antes de um homem ter levado a cabo um ataque em Telavive, capital de Israel, provocando pelo menos sete feridos antes de ser abatido por um transeunte.
No primeiro dia da operação em Jenin, oito pessoas foram mortas. Esta manhã, o balanço de mortos subiu para nove, com Israel a manter que está a combater células terroristas instaladas naquela cidade da Palestina ocupada.
Entretanto, os Médicos Sem Fronteiras (MSF) repudiaram hoje o ataque israelita contra o campo de refugiados de Jenin.
"Os ataques em Jenin estão a tornar-se cada vez mais frequentes e a intensidade parece atingir novos patamares. Vimos vários pacientes com ferimentos de bala na cabeça e recebemos 55 pacientes feridos", referiu em comunicado Jovana Arsenijevic, coordenadora de operações dos MSF naquela cidade da Cisjordânia ocupada.
A organização acusa Israel, que alega que Jenin alberga "um centro de terrorismo", de obstruir a prestação de cuidados de saúde.
"Várias botijas de gás caíram no pátio do hospital Khalil Suleiman, onde a equipa dos MSF estava a tratar pacientes com ferimentos de bala" desde o início da madrugada, sublinha-se no comunicado.
De acordo com a mesma nota, a organização internacional que se encontra a prestar cuidados de saúde na cidade situada no norte da Cisjordânia ocupada, morreram pelo menos "oito pessoas" e um total de 91 pessoas ficaram feridas na última operação "aérea e terrestre".
Segundo os MSF, o ataque iniciado no domingo por Israel fez aumentar para 48 o número total de mortos em Jenin desde o princípio do ano.
Para os Médicos Sem Fronteiras, trata-se de uma ação militar de grande escala - a "maior na Cisjordânia desde 2002" -, sendo que o raide está a afetar as estruturas de saúde e a "obstruir a resposta médica de emergência".
A organização internacional que presta apoio médico diz ainda que as escavadoras militares israelitas estão a destruir os acessos ao campo de refugiados de Jenin tornando "quase impossível" o acesso das ambulâncias aos doentes.
Durante o ataque, os paramédicos palestinianos foram obrigados a deslocar-se a pé, numa zona onde se registam disparos e ataques de aparelhos aéreos não tripulados (drones).
"Estamos a trabalhar há 15 horas e os doentes continuam a chegar. Esta é uma operação militar com uma duração sem precedentes (...). Há vítimas que não podem ser contactadas. O pessoal de saúde deve poder aceder aos doentes sem entraves", critica Arsenijevic acrescentando que nas últimas horas registaram-se "dez ataques" das forças de Israel contra o campo de refugiados.
A mesma responsável indica que ambulâncias foram "abalroadas por carros blindados" e o pessoal de saúde impedido de entrar e sair do campo.
Por outro lado, Arsenijevic referiu que a utilização de helicópteros e os ataques com drones numa zona tão densamente povoada representa um aumento "acentuado" da intensidade militar.
"É absolutamente ultrajante", afirmou Jovana Arsenijevic.
A organização Médicos Sem Fronteiras está presente nos Territórios Ocupados por Israel desde 1989 e mantém atualmente operações de apoio médico e humanitárias em Jenin, Nablus, Hebron e Gaza.