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"Herança universal". Proposta de dar 20 mil euros a jovens agita Espanha antes das eleições

06 jul, 2023 - 15:47 • Joana Azevedo Viana

Para angariar os 10 mil milhões necessários para implementar a política, Díaz propõe a aplicação de impostos extraordinários sobre todos os contribuintes que declarem mais de 3 milhões de euros de rendimentos por ano.

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A ministra espanhola do Trabalho, Yolanda Díaz, apresentou esta semana uma proposta para combater as desigualdades sociais, atribuindo a cada jovem do país uma "herança universal" de 20 mil euros para gastarem em estudos e formação ou até a lançarem a sua própria empresa ao completarem 18 anos.

De acordo com a plataforma do Sumar, partido recém-criado por Díaz quando faltam menos de dois meses para as eleições gerais antecipadas, a 23 de julho, a iniciativa custaria 10 mil milhões de euros.

O objetivo, como descrito na plataforma, é garantir "igualdade de oportunidades" independentemente do historial financeiro das famílias dos jovens. O pagamento desta "herança universal", a ser atribuída a partir dos 18 e de forma contínua até aos 23 anos, seria acompanhado de "apoio administrativo" para ajudar os jovens a formarem-se e a lançarem os seus negócios.

Na quarta-feira à tarde, durante um encontro com correspondentes estrangeiros em Madrid, Yolanda Díaz explicou que o objetivo é "que as pessoas jovens tenham um futuro e a oportunidade de estudar e começar o seu negócio sem terem de depender dos seus apelidos ou da família a que pertencem".

"É por isso que propomos que as pessoas recebam 20 mil euros quando completam 18 anos para que possam desenvolver-se, quer estudando quer criando um negócio. É isso que está em causa a 23 de julho."

Para angariar os 10 mil milhões necessários para implementar a política, Díaz propõe a aplicação de impostos extraordinários sobre todos os contribuintes que declarem mais de 3 milhões de euros de rendimentos por ano. A atual ministra indica que, através desta ferramento, a medida corresponderia a 0.8% do PIB espanhol.

Criada numa casa comunista, como referem os media, Díaz diz que se viu impossibilitada de seguir os seus sonhos de ser inspetora laboral, porque a família não tinha dinheiro suficiente para lhe pagar os estudos.

"Esta é uma medida de redistribuição que vai permitir aos jovens do nosso país terem um futuro independentemente do seu apelido."

A proposta do Sumar está a angariar dúvidas e críticas dos dois lados do espectro político espanhol. Nadia Calviño, ministra da Economia no atual Governo de coligação liderado pelo PSOE, questiona como funcionaria na prática.

"Qualquer pessoa que propõe dar subsídios ou bolsas sem qualquer tipo de restrições no que toca a níveis de rendimento ou objetivos tem de explicar como é que o financiaria, porque vamos ter de carregar a responsabilidade dessa política fiscal nos anos vindouros", disse Calviño em entrevista à rádio Onda Cero.

Já o PP, principal partido da oposição, que segue à frente dos socialistas nas sondagens mas que deverá necessitar do apoio do Vox (extrema-direita) para formar Governo caso vença as eleições, foi ainda mais duro nas críticas à proposta.

Citado pelos media espanhóis, um porta-voz dos conservadores acusou o Sumar de ter as prioridades erradas e sugeriu que o Governo deve focar-se noutros problemas que o país enfrenta, em que "27% da população vive em risco de exclusão social, em que temos uma das mais altas taxas de desemprego da Europa, em que as famílias não conseguem chegar ao final do mês [com dinheiro] e em que os trabalhadores por conta própria estão a ter dificuldades em manterem-se à tona".

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