09 jul, 2023 - 13:30 • Lusa
Cinco dezenas de ucranianos concentraram-se esta manhã em Lisboa para pedir apoio à adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Convocados à Praça do Comércio pela Associação dos Ucranianos em Portugal, erguendo bandeiras e empunhando cartazes, os manifestantes agradeceram o apoio que Portugal tem dado à Ucrânia, cujo território foi invadido por forças russas em 24 de fevereiro do ano passado.
"Obrigado, Portugal!", gritaram, saudando especificamente o primeiro-ministro, António Costa.
No sábado, o Governo português manifestou apoio à adesão da Ucrânia à NATO "quando as condições o permitirem".
Numa declaração conjunta, assinada entre a Ucrânia e Portugal e divulgada após uma conversa telefónica entre António Costa e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o Governo considera que "o futuro da Ucrânia e do seu povo reside na família europeia" e concorda com a necessidade de aumentar a pressão sobre a Rússia através de mais sanções.
Na Praça do Comércio, com o hino ucraniano a ser cantado em som de fundo, Pavlo Sadokha, presidente da Associação de Ucranianos em Portugal, admite que a adesão da Ucrânia à NATO "não é possível" neste momento de "plena guerra ativa", mas sublinha que era importante para o país obter uma data na cimeira da Aliança Atlântica, agendada para os dias 11 e 12 em Vílnius, capital da Lituânia.
"Precisamos de saber que a Ucrânia vai tornar-se [membro da NATO], que todo este esforço que estamos a fazer dará resultado para que, no futuro, a Ucrânia se junte ao bloco da NATO e aí seja protegida de futuras invasões da Rússia", disse.
Além disso, acrescentou, as tropas ucranianas realizam uma contraofensiva no terreno e precisam de mais ajuda militar. "Faltam munições, aviões...", lembra, esperando que "o tal prometido apoio" seja "mais rápido", para "salvar muitas vidas" e "acabar com a guerra".
Desvalorizando o número de pessoas presentes na concentração, numa altura em que o conflito já dura há 500 dias, Pavlo Sadokha garante que "cada elemento" da comunidade ucraniana em Portugal está "a fazer alguma coisa", seja na recolha de bens, seja "doutra forma".
"Desde que começou a guerra, juntamo-nos mais, ficámos mais unidos, para apoiar a Ucrânia", concorda Olga Yakovets, uma das vozes que mais se destacou durante o hino da Ucrânia.
"Precisamos de apoio. Sozinhos, como país, somos, agora, neste momento, muito fracos. Com o mundo, com a Europa, vamos conseguir fazer muito mais e conseguir a liberdade", acredita, agradecendo a ajuda constante de Portugal, a quem pede para "continuar a ajudar".
Nestor Kondra, estudante universitário de 19 anos, confessa que não estava à espera de viver uma guerra desta "grande escala", ainda que ela não tenha começado há 500 dias, mas há nove anos, com a anexação da Crimeia e a ocupação de Donetsk e Lugansk pelas tropas russas.
"Mudou, de alguma forma, a minha vida, [mas] não tanto como a dos que estão a viver na Ucrânia", realça, contando que tem família em Lviv, local "mais ou menos tranquilo" desde o início da guerra, ainda que há dias tenha sido atacada com mísseis.
O cartaz que segura fala de "ecocídio" e tem um desenho da barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia, bombardeada e destruída pela Rússia em maio. .
"A questão ambiental é importante, agora mais do que nunca", frisa, realçando que "ações" como a que destruiu a barragem "devem ser totalmente condenadas, para que não aconteçam desastres".
Nestor partilha ainda palavras esclarecedoras sobre o impacto que este conflito terá nas novas gerações: "Não tenho amigos russos. (...) Somos vizinhos, sim, mas não temos muito em comum. As pessoas pensam que temos muito em comum mas não temos. Às vezes ouvimos dizer que somos nações irmãs, mas não, não somos, não considero que sejamos".
Durante a tarde de hoje haverá manifestações semelhantes, de apoio à adesão da Ucrânia à NATO, em Coimbra (17:00, Praça 8 de Maio) e no Porto (18:30, Fonte dos Leões).