10 jul, 2023 - 17:47 • Redação
"Penso que estão muito perto disso agora e que serão muito mais inteligentes do que nós no futuro. Como é que vamos sobreviver a isso?"
As palavras são de Geoffrey Hinton, um dos ditos padrinhos da Inteligência Arificial, que deixou o cargo de executivo e investigador na Google em abril de 2023, numa entrevista à "MIT Technology Review".
Hinton foi um dos mais recentes especialistas em inteligência artificial a alertar para os perigos do avanço da IA.
Já no início da década de 2000, um jovem escritor chamado Eliezer Yudkowsky começou a alertar para os perigos da Inteligência Artificial e a avisar que poderia destruir a humanidade. As suas publicações online deram origem a uma comunidade de crentes.
Yudkowsky e os seus escritos desempenharam um papel fundamental na criação da OpenAI e da DeepMind, um laboratório de IA que a Google adquiriu em 2014. E muitos dos membros da comunidade de trabalharam nestes laboratórios. Acreditavam que, por compreenderem os perigos da IA, estavam na melhor posição para a construir.
As duas organizações que recentemente publicaram cartas abertas alertando para os riscos da IA - o Center for AI Safety e o Future of Life Institute - estão intimamente ligadas a este movimento.
Os avisos recentes vieram também de pioneiros da investigação e de líderes da indústria como Elon Musk, que há muito alertou para os riscos. A última carta foi assinada por Sam Altman, o diretor executivo da OpenAI, e Demis Hassabis, que ajudou a fundar a DeepMind e que agora supervisiona um novo laboratório de IA que reúne os melhores investigadores da DeepMind e da Google.
Quais são então os perigos reais para a Humanidade do avanço da IA?
Os cérebros humanos conseguem resolver equações e conduzir automóveis graças ao seu talento inato para organizar e armazenar informações e encontrar soluções para problemas.
Já a “IA tem entre 500 mil milhões e um trilião de ligações”, disse Geoffrey Hinton à MIT Technology Review depois de ter abandonado a Google. Embora isso pareça colocá-la em grande desvantagem em relação a nós, Hinton observa que o GPT-4, o mais recente modelo de IA da OpenAI, sabe "centenas de vezes mais" do que qualquer ser humano.
Este facto pode confirmar que a IA pode já estar a ser mais inteligentes do que nós. Consegue aprender coisas mais rapidamente, como também podem partilhar cópias dos seus conhecimentos entre si quase instantaneamente.
Dezenas de sítios Web de notícias falsas já se espalharam pela Web em várias línguas, alguns publicando centenas de artigos gerados por IA por dia.
O facto de as ferramentas de IA poderem ser treinadas para influenciar eleições e até travar guerras é algo bem possível. A desinformação eleitoral difundida através de chatbots de IA, por exemplo, poderá ser a versão futura da desinformação eleitoral difundida através do Facebook e de outras plataformas de redes sociais.
Geoffrey Hinton referiu: "Não pensem por um momento que Putin não criaria robôs hiperinteligentes com o objectivo de matar ucranianos"(…)"Ele não hesitaria".
O cenário mais fácil de imaginar é que uma pessoa ou uma organização utilize a IA para causar estragos
Uma grande parte dos investigadores pensa que é muito plausível que, dentro de 10 anos, tenhamos máquinas tão ou mais inteligentes do que os humanos. Essas máquinas não têm de ser tão boas como nós em tudo; basta que sejam boas em sítios onde possam ser perigosas.
A possibilidade de empresas ou entidades que podem ser encomendadas na Internet para sintetizar material biológico ou produtos químicos é uma possibilidade.
Os avanços da inteligência artificial podem levar à automatização de várias funções e empregos. Advogados e funcionários administrativos estão entre os que correm maior risco de se tornarem redundantes. Segundo um estudo do Goldman Sachs, citado pelo “Financial Times”. Mais concretamente, “podem estar em risco cerca de 300 milhões de postos de trabalho nos países mais desenvolvidos.”
Os sistemas de inteligência artificial de criação de conteúdo, como o ChatGPT, podem desencadear um aumento de produtividade contudo também trará problemas ao mercado de trabalho, no qual cerca de 300 milhões de trabalhadores dos países mais desenvolvidos ficam em risco de perder o emprego.
Já aconteceu muitas vezes que espécies foram dizimadas por outras mais inteligentes. O ser humano é exemplo disso mesmo sobre outras espécies
O facto de ser mais inteligente, garantiu que as outras espécies não conseguissem impedir-nos. O mesmo pode acontecer com os humanos se a IA se tornar mais desenvolvida e capaz. Se os aparelhos tecnológicos estiverem numa fase de desenvolvimento descontrolada e se virem nos humanos um “intruso”, tornamo-nos um alvo a abater.