10 jul, 2023 - 12:48 • Reuters
Num passo inesperado, o Presidente da Turquia disse esta segunda-feira que a União Europeia (UE) deve abrir caminho à adesão do país ao bloco antes de o Parlamento turco aprovar a entrada da Suécia na NATO.
A adesão da Turquia à UE está congelada há vários anos, após as negociações terem sido lançadas em 2005 sob o primeiro mandato de Recep Tayyip Erdogan como primeiro-ministro.
As relações de Ancara com os Estados-membros da UE azedaram há vários anos, sobretudo depois da tentativa de golpe falhada na Turquia em 2016. Contudo, o bloco europeu continua a dependente da ajuda do aliado da NATO, sobretudo no que toca a questões migratórias.
Numa surpreendente mudança de estratégia, depois de meses a bloquear a adesão da Suécia à NATO, Erdogan faz agora depender essa decisão dos passos que a UE pode dar para avançar com as negociações para Ancara aceder ao bloco.
"Peço a estes países que estão a fazer a Turquia esperar à porta da UE há mais de 50 anos", disse antes de partir para Vilnius, onde entre amanhã e quarta-feira decorre a cimeira da NATO. "Primeiro, abram a porta da UE à Turquia e depois abriremos a porta à Suécia, tal como fizemos com a Finlândia."
Depois de anos sem pertencerem à aliança atlântica, a Suécia e a Finlândia abandonaram a sua postura de não-alinhamento militar no ano passado, candidatando-se a Estados-membros da NATO após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A adesão dos finlandeses foi firmada em abril, mas tanto a Turquia como a Hungria continuam a bloquear a entrada de Estocolmo, que pretende garantir a adesão à NATO na cimeira desta semana. Para um país aderir à NATO, é necessário total consenso de todos os Estados-membros da aliança militar.
Erdogan diz que a adesão da Suécia depende da implementação de um acordo alcançado no verão passado durante a cimeira da NATO em Madrid, acrescentando que ninguém deve antecipar um compromisso da parte de Ancara no imediato.
Para o Presidente turco, a Suécia não tem feito o suficiente contra pessoas que o Estado turco considera terroristas, sobretudo membros do ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado uma organização terrorista pela Turquia, a UE e os EUA.
Erdogan também disse que pôr fim à guerra entre Ucrânia e Rússia ajudaria a aliviar o processo de adesão de Kiev à NATO.