20 jul, 2023 - 12:46 • Lusa
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) reúnem-se esta quinta-feira, em Bruxelas, para analisar os últimos desenvolvimentos da invasão russa da Ucrânia, em particular a suspensão do acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, participa na reunião em representação de Portugal.
O conflito em curso na Ucrânia volta a ser um dos tópicos principais da reunião dos chefes da diplomacia dos 27 da UE, assunto que fez parte de todos encontros desde o início da ofensiva russa, em fevereiro do ano passado.
Em cima da mesa neste encontro vai estar a contraofensiva que as Forças Armadas ucranianas iniciaram recentemente e que não está a avançar tanto quanto era esperado. Por um lado, as defesas que as tropas de Moscovo prepararam no território ocupado estão a dificultar progressos e, por outro lado, os países que apoiam a Ucrânia estão com dificuldades em responder às necessidades de munições.
Mas desta vez há outra questão que inquieta os 27 e que vai ser abordada: a suspensão por parte de Moscovo do acordo de exportação de cereais através do Mar Negro.
Na segunda-feira, a Rússia anunciou que ia suspender o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.
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Na reunião vão também participar, como convidados e por videoconferência, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
No encontro, os diplomatas europeus também reservarão tempo para falar sobre segurança económica e sobre a Turquia.
A Rússia "não só abandonou o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, como está a queimar" a produção dos mesmos, afirmou o chefe da diplomacia europeia, antes de reunir com os MNE dos 27.
O alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, acusou esta quinta-feira a Rússia de estar a provocar uma crise alimentar global ao atacar de forma perversa silos de cereais no porto de Odessa.
“Pela terceira noite, a Rússia bombardeia e destrói a infraestrutura portuária de Odessa [Mar Negro] e os silos de cereais. Arderam 60 mil toneladas de grão. [A Rússia] não só abandonou o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos como está a queimar [a produção]“, disse o chefe da diplomacia da UE antes da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco europeu.
Para Borrell, as ações russas contra a Ucrânia podem provocar o risco de “uma enorme crise alimentar em todo o mundo”. “Se estes grãos não se armazenam e se destroem, significa que pode ocorrer uma escassez de alimentos, de cereais, a nível global”, alertou, após afirmar que os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão abordar a questão com o homólogo ucraniano, Dmitri Kuleba, através de videoconferência.
As autoridades ucranianas atribuem os ataques contra a infraestrutura portuária em Odessa à recente saída da Rússia do acordo de exportação de cereais. Para regressar ao pacto, Moscovo pede a retirada das sanções sobre a exportação de cereais e fertilizantes russos para os mercados internacionais, assim como a eliminação dos obstáculos impostos aos bancos russos e a ligação “imediata” ao sistema de transferências bancárias SWIFT.
Neste sentido, Borrell insistiu na resposta europeia que deve reforçar o apoio militar à Ucrânia para ajudar Kiev a defender-se dos ataques russos. “Os ataques de grande escala destas últimas três noites requerem, da nossa parte, uma resposta. A resposta só pode ser uma. Além da retórica, proporcionar mais recursos militares”, declarou.
Neste momento, segundo a agência noticiosa EFE, discute-se a proposta sobre a aplicação de 20 mil milhões de euros para armamento destinado à Ucrânia nos próximos anos.
À chegada à reunião, Borrell não quis confirmar os valores das propostas, afirmando, no entanto, que se trata de uma “quantidade muito significativa de dinheiro”. “A Ucrânia não precisa de apoio mês a mês, mas sim apoio a largo prazo e um apoio estrutural e contínuo”, afirmou.
A proposta de Borrell sobre apoios a Kiev deve começar a ser discutida nos próximos meses, sendo que vai ter de ser aprovada pelos 27 países da União Europeia.
“Se a pergunta for feita aos ministros dos Negócios Estrangeiros, a resposta vai ser mais positiva do que a dos ministros das Finanças”, ironizou uma fonte diplomática à agência espanhola EFE antes do início da reunião desta quinta-feira em Bruxelas.
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