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Ataque russo com bombas de fragmentação matou nove civis em julho

04 ago, 2023 - 13:58 • Lusa

As bombas de fragmentação estão proibidas em mais de uma centena de países desde 2008.

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A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou esta sexta-feira um ataque russo com bombas de fragmentação ('cluster') que matou nove civis e fez 12 feridos, em 8 de julho, num bairro residencial da cidade ucraniana de Lyman.

A HRW diz que o uso repetido de munições ‘cluster’ desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, tem provocado inúmeros ferimentos e mortes, para além de danos em edifícios e contaminação de terras, devendo ser investigado como potencial crime de guerra.

“Apesar das alegações da Rússia nas últimas semanas de que nunca usou bombas de fragmentação na Ucrânia, a lista de ataques mortais com estas munições é longa”, denunciou Ida Sawyer, diretora do gabinete de crise e conflito da HRW.

“Este ataque, se vier a ser confirmado, mais uma vez demonstra o desprezo do Exército russo pelos civis e pelas convenções legais internacionais da guerra, bem como pela natureza mortal e indiscriminada dessas armas”, acrescentou Sawyer.

O ataque em Lyman, no dia 8 de julho, atingiu uma área residencial matando nove civis e provocando ferimentos em outras 12 pessoas, com idades entre 30 e 70 anos, de acordo com a ONG.

A HRW alega que o ataque foi realizado com um foguete com munições ‘cluster’ Smerch da série 9M55K, contendo 72 submunições de fragmentação 9N235.

No dia do ataque, o procurador regional de crimes de guerra anunciou a morte de sete civis no ataque, com idades entre 52 e 71 anos; no dia seguinte, a polícia nacional ucraniana informou que o número de civis mortos tinha aumentado para nove.

Para além das vítimas civis, também 10 a 20 militares ucranianos terão sido feridos no ataque, segundo a HRW.

As bombas de fragmentação podem ser lançadas por aeronaves ou mísseis, projéteis e foguetes lançados do solo, abrindo-se no ar e dispersando até centenas de submunições menores, também chamadas de ‘bomblets’, numa área do tamanho de um quarteirão.

Muitas submunições falham ao explodir no impacto inicial, permanecendo no solo como minas terrestres, representando uma ameaça para os civis por anos e até décadas.

Recentemente, os Estados Unidos anunciaram que o fornecimento de bombas de fragmentação às Forças Armadas ucranianas, apenas para fins defensivos, numa iniciativa de imediato criticada pelo Kremlin e por alguns aliados ocidentais da Ucrânia, que alertaram para os perigos colocados por estas munições.

As bombas de fragmentação estão proibidas em mais de uma centena de países desde 2008, altura em que foi assinada a Convenção sobre Armas e Fragmentação.

A Ucrânia comprometeu-se perante os Estados Unidos a utilizar bombas de fragmentação para efeitos de desminagem e apenas contra posições russas, nunca em zonas civis.

Moscovo, por seu lado, desconfia de Kiev e acusou Washington de cometer um crime de guerra.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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