09 ago, 2023 - 20:23 • Redação
O presidente brasileiro, Lula da Silva, pediu esta quarta-feira aos países desenvolvidos para se chegarem à frente com dinheiro, se querem a proteção das florestas tropicais do mundo.
Na Cimeira da Amazónia, os países com florestas tropicais no seu território exigem centenas de milhões de dólares de financiamento climático e um papel mais preponderante na forma como esses recursos são gastos.
“Não é o Brasil que precisa de dinheiro. Não é a Colômbia que precisa de dinheiro. Não é a Venezuela. É a natureza”, disse Lula a jornalistas no segundo dia da cimeira ambiental, na cidade de Belém, no estado amazónico do Pará.
Durante cerca de 200 anos, as nações desenvolvidas e industrializadas poluíram a atmosfera, declarou Lula, “e agora precisam pagar sua quota parte na restauração do que foi destruído”. “É a natureza que precisa de dinheiro. É a natureza que precisa de financiamento”, acrescentou.
O apelo de Lula surgiu depois de horas de reuniões entre os líderes das oito nações da Amazónia e representantes de outras nações com florestas tropicais no seu território, como a República do Congo, a República Democrática do Congo e a Indonésia. Estes países abrigam cerca de 50% das florestas tropicais primárias que restam no mundo.
Na declaração intitulada “Unidos pelas nossas florestas”, os governos desses países reafirmaram o compromisso de reduzir a desflorestação e encontrar formas de conciliar a prosperidade económica com a proteção ambiental. Também expressaram a preocupação com o fracasso dos países desenvolvido em cumprir as metas de mitigação e cumprir a promessa de fornecer 100 Biliões de dólares por ano ao financiamento climático, pedindo que esse valor suba para 200 Biliões de dólares, até 2030.
De janeiro a julho, a Amazónia perdeu 3.149 quilóm(...)
Lula diz ainda que tem uma mensagem simples para os “países ricos” antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, no Dubai: “Se eles querem efetivamente preservar o que resta das florestas, eles têm de gastar dinheiro – não apenas para cuidar das árvores, mas cuidar das pessoas que vivem sob essas árvores e que querem trabalhar, estudar, comer e.… viver decentemente”.
“É a cuidar desse povo que vamos cuidar da floresta”, acrescentou Lula.
“Hoje, negar a crise climática não passa de uma tolice”, disse o Presidente . “Mas valorizar a floresta não é apenas impedir que as árvores sejam cortadas. Significa oferecer dignidade aos quase 50 milhões de pessoas que vivem na Amazónia.”
Na terça-feira, os oito países amazónicos pertencentes à Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA) publicaram um comunicado prometendo unir-se para evitar que a região da floresta seja conquistada por grupos criminosos ou chegue a um ponto catastrófico, sem retorno.
Atualmente, a desflorestação está a aumentar na Amazónia boliviana. No Brasil, que controla cerca de 60% da Amazónia, a tendência é mais positiva. A desflorestação caiu 42,5% nos primeiros sete meses do governo de Lula.
Lula também prometeu erradicar as empresas “criminosas” que intensificaram o controlo sobre a Amazónia enquanto seu antecessor, "desmantelava as proteções ambientais e indígenas".