09 ago, 2023 - 20:34 • Lusa
Uma barragem no sul da Noruega sofreu uma rutura parcial, após dias de chuva torrencial que desencadeou aluimentos de terras e inundações na região montanhosa e obrigou as comunidades ribeirinhas a abandonarem as suas casas, indicaram as autoridades.
Inicialmente, os responsáveis consideraram a hipótese de fazer explodir parte da barragem da central hidroelétrica de Braskereidfoss para impedir que as povoações rio abaixo fossem inundadas, mas a ideia foi descartada depois de a água irromper pela estrutura, disse o porta-voz da polícia Fredrik Thomson à imprensa.
"Esperamos conseguir um nivelamento gradual da água e que seja um nivelamento uniforme", comentou.
A central elétrica do Glomma, o rio mais longo e com maior caudal da Noruega, ficou submersa e fora de funcionamento.
Enormes quantidades de água caíram sobre a parte oeste do dique de betão, indicou o porta-voz.
Durante horas, a água acumulou-se atrás do dique. Então, um parque de estacionamento ao lado da central elétrica inundou e, pouco depois, a água começou a jorrar por uma brecha na parede de betão, destruindo uma estrada de duas faixas e vedações que atravessavam o topo da represa.
Per Storm-Mathisen, um porta-voz da empresa que opera a central elétrica, a Hafslund Eco, disse à agência de notícias norueguesa NTB que o desvio da água parece estar "a correr bem".
Pelo menos 1.000 pessoas residem em povoações nas margens do rio naquela zona, e as autoridades indicaram que todas foram retiradas antes da rutura da barragem.
Escotilhas na central hidroelétrica deveriam abrir automaticamente se demasiada água se concentrasse atrás da represa, mas não funcionaram como planeado, por razões ainda desconhecidas, segundo Alexandra Bech Gjorv, membro da administração da Hafslund Eco.
Entretanto, na terça-feira, uma septuagenária norueguesa morreu após cair ao rio. Ela conseguiu nadar até à margem, mas a polícia disse que, por causa das cheias, a equipa de salvamento demorou várias horas a transportá-la até ao hospital e ela acabou por morrer.
Mais de 600 pessoas foram retiradas de uma região a norte de Oslo, e a polícia do sul do país classificou a situação lá como "incerta e caótica".
O Departamento de Estradas Públicas da Noruega indicou hoje que todas as estradas principais entre Oslo e Trondheim, a terceira maior cidade do país, estavam encerradas.
"Estamos a viver uma situação de crise de dimensões nacionais", afirmou a governadora do condado de Innlandet, Aud Hove.
"Há gente isolada em diversas povoações locais, e os serviços de emergência poderão não conseguir chegar às pessoas que precisam de ajuda", acrescentou.
O sistema meteorológico batizado como Tempestade Hans fustiga há vários dias partes da Escandinávia e do Báltico, fazendo rios transbordar, danificando estradas e partindo ramos de árvores que feriram pessoas.
Mais chuvas torrenciais são esperadas no sul da Noruega e no centro da Suécia, depois de cabanas, pequenas habitações e caravanas terem sido engolidas pelos rios e arrastadas pelas fortes correntes.
Os meteorologistas noruegueses indicaram que se pode esperar até 30 milímetros de chuva durante a noite e que "as quantidades não são extremas, mas dadas as condições na região, as consequências podem sê-lo".